metropoles.com

Vídeo: alunos de escola pré-militar entoam canções exaltando violência

Segundo coronel da reserva do Exército, canções foram entoadas por crianças e jovens em escola de treinamento em Canoas (RS)

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
04_04_2022_08_31_04
1 de 1 04_04_2022_08_31_04 - Foto: Reprodução

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra alunos do Centro de Treinamento Pré-Militar de Canoas (RS) entoando cantos que exaltam a violência em marcha pelas ruas da cidade.

O vídeo foi divulgado pelo coronel Marcelo Pimentel, ex-chefe do Estado-Maior da 7ª Região do Exército, que corresponde a Pernambuco e parte do Nordeste. O oficial da reserva é crítico da militarização do governo pela gestão Jair Bolsonaro (PL).

As letras costumam ser cantadas em cursos brasileiros, durante Treinamento Físico Militar (TFM) e, segundo Pimentel, falam de “interrogatórios violentos” e “torturas”.

“Quando eu morrer, quero ir de FAL e de Beretta, chegar no inferno e dar um tiro na cabeça no capeta”, diz trecho da canção divulgada no vídeo (veja abaixo).

O FAL (Fuzil Automático Leve) é um fuzil de uso generalizado entre as forças armadas de muitos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Já Beretta é o nome genérico atribuído à fábrica de armas de fogo italiana Fabbrica d’Armi Pietro Beretta S.p.A.

Outras letras de TFM, como são conhecidas, fazem apologia à violência em ações militares. Uma delas, intitulada “Troquei meu Playstation por um fuzil”, diz: “A missão é invadir o Complexo do Alemão / Bota o fuzil pra cantar pa-pum! / Troquei meu Playstation por um fuzil”.

O que diz o Exército

O Metrópoles procurou o Exército Brasileiro para comentar o vídeo. Em resposta, o Centro de Comunicação Social disse que cursos e programas de treinamento que prometem acesso facilitado às carreiras militares, comumente chamados de “escola/curso pré-militar”, não possuem vínculo com o Exército. “O uso indevido da imagem da Força, quando ocorre, é tratado no âmbito jurídico”, diz a instituição.

Em outubro de 2021, o Exército havia divulgado uma nota que diz o seguinte:

“O Exército Brasileiro não possui convênios ou qualquer tipo de vínculo com cursos preparatórios para concursos de acesso às Escolas Militares, ou mesmo cursos para a seleção e preparação de cidadãos que desejam ingressar na Força como militares temporários”.

Outros episódios

Não é o primeiro episódio em que militares são flagrados entoando cânticos que fazem alusão à violência. Em 2013, uma tropa do Batalhão de Operações (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi filmada em um treinamento no parque Guinle, em Laranjeiras, cantando palavras de ordem que incitavam confrontos dentro de favelas, conforme mostrou o portal G1 na época.

No vídeo, os soldados apareciam sem camisa, correndo e gritando: “É o Bope preparando a incursão/ E na incursão / Não tem negociação / O tiro é na cabeça / E o agressor no chão / E volta pro quartel, pra comemoração”.

Já em 2015, a Carta Capital divulgou vídeo de alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EpcAr), em Barbacena (MG), cantando o seguinte “hino” durante os exercícios da escola: “Pega o vagabundo e dá porrada para matar. Tapa na cara. Chute no peito. Choque na língua. Choque no pé. Uh, choque elétrico”. A Força Aérea Brasileira (FAB) chegou a abrir sindicância para apurar o caso.

Compartilhar notícia