metropoles.com

Vacinação alcançou apenas 7% das pessoas com deficiência no RJ

Governo e associações consideram cenário preocupante, falam em dificuldade de mobilidade e informação e se esforçam para aumentar índices

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução / Instagram @olharesespeciais, oficina de fotografia na Apae Rio
Vacinação de pessoas com deficiência no Rio de Janeiro
1 de 1 Vacinação de pessoas com deficiência no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução / Instagram @olharesespeciais, oficina de fotografia na Apae Rio

Nesta sexta-feira (20/8), o Rio de Janeiro concluiu a etapa principal da campanha de vacinação de pessoas acima de 18 anos contra a Covid-19. Mais de 93% dos adultos já tomaram a primeira dose ou a dose única. Neste cenário, entretanto, preocupam os índices de imunização das pessoas com deficiência (PcDs).

São mais de 290 mil indivíduos na capital fluminense que fazem parte desse grupo prioritário, mas somente 20.677 tomaram a primeira dose desde abril, o que corresponde a pouco mais de 7%, de acordo com dados do Painel Rio Covid. Além disso, quase 70% delas ainda não voltaram aos postos para a segunda aplicação.

Dificuldades

O cenário preocupa entidades ligadas à deficiência na cidade. Neuropedagoga e orientadora social da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Rio de Janeiro (Apae Rio), Rosangela Dias de Oliveirah acredita que a muitos faltam condições e conhecimento.

“Por exemplo, o RioCard foi suspenso durante a pandemia, já que as pessoas ficaram muito tempo em casa sem usá-lo. Por isso, alguns pais precisam reativá-lo para se deslocar com os filhos. Também teve a suspensão do BPC [Benefício de Prestação Continuada] para parte das pessoas, com a queda da renda. Muitas famílias com filhos com deficiência estão passando necessidades e não têm como sair de casa com eles”, explica.

Outro empecilho para esse grupo é a mobilidade. O presidente de honra da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OABRJ), Geraldo Nogueira, pontua que a exposição ao vírus fez com que muitas pessoas ficassem com medo de sair de casa e se contaminar.

“Muitas delas, principalmente as que têm comorbidades, como grandes lesões, são difíceis de serem transportadas. Então, para pegar um transporte público no meio de uma pandemia, elas ficariam muito expostas. Por isso, optaram pelo isolamento”, acredita.

0
Inclusão no Plano Nacional de Vacinação

O grupo de pessoas com deficiência não foi incluído na primeira versão do plano nacional de vacinação contra a Covid-19. O segmento acabou adicionado em fevereiro, após reivindicações em manifestações, como uma carreata por Copacabana, e campanhas nas redes sociais.

“Atribuo esse atraso à falta de conhecimento sobre as fragilidades da pessoa com deficiência, que não são somente físicas, mas também emocionais, além de dificuldades de comunicação”, coloca Rosangela, da Apae.

Vacinação de jovens

A imunização de pessoas com deficiência a partir de 12 anos começa na segunda-feira (23/8). Diante disso, a expectativa dos representantes é que o índice seja maior, uma vez que a maior parte delas integra faixas etárias mais jovens.

“A grande incidência de PcDs é na população mais jovem, porque muitas deficiências levam a falecimentos prematuros. O grupo adulto é menor. Logo, pode ser que, daqui para frente, tenha-se uma resposta melhor”, prevê Geraldo Nogueira, da OAB.

Esforços

Presidente da Federação Estadual das Instituições de Reabilitação do Estado do Rio de Janeiro (FEBIEX), Kátia Vasques conta que houve uma parceria com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD) para ampliar o número de postos em diferentes regiões da cidade para atender essa população.

“Em cada área, tinha um grupo treinado para lidar com as PcDs, possibilitando acessibilidade, por exemplo, para surdos, com a linguagem de sinais; cegos, com uma facilidade para que compreendessem a situação; e autistas, com colaboradores preparados para intervir se houvesse algum problema”, explica.

A secretária da SMPD, Helena Werneck, lamenta a situação: “A prefeitura está preocupada em acessibilizar toda a informação. Não conseguimos entender efetivamente o que está acontecendo. Estamos muito preocupados e chateados com isso, é um esforço coletivo”, diz. “Hoje, estamos ligando para todas as famílias dos nossos centros de atendimento para que elas digam se se vacinaram ou, caso não, por que”.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que “estratégias conjuntas” foram definidas para superar o problema. A pasta citou: implantação de pontos de vacinação nos Centros de Reabilitação para Pessoas com Deficiência; dias de intensificação para imunização de PcDs; semana de intensificação para vacinação em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); divulgação em mídias para comunicar a demanda e facilitar o acesso; e produção de material com linguagem acessível.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?