Mato Grosso

Testemunhas confirmam que BRF fornecia comida estragada aos funcionários

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Testemunhas confirmam que BRF fornecia comida estragada aos funcionários

Testemunhas confirmaram, em audiência realizada no Fórum de Várzea Grande (MT), que a BRF em Mato Grosso oferecia aos funcionários alimentação estragada, por meio de comida com embalagens violadas e embalagens de carne sem identificação de origem ou prazos de validade. O LIVRE denunciou o caso em março deste ano.

As refeições de qualidade duvidosa eram destinadas aos quase cinco mil trabalhadores da unidade de Lucas do Rio Verde (300 km de Cuiabá), a maior da BRF no estado. A audiência foi conduzida pela juíza da Primeira Vara Cível de Várzea Grande, Ester Belém Nunes Dias. Ao todo foram ouvidas três testemunhas.

[featured_paragraph]Uma testemunha afirmou que as nutricionistas chegaram a confirmar que as carnes não continham laudo e eram levadas até eles fora da embalagem original. “E a gente tinha que ficar em cima, testando ou até recusando a própria proteína. Nesse caso, o pessoal da BRF pegava e descartava as proteínas”, testemunhou um dos funcionários.[/featured_paragraph]

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 259 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todo alimento deve ser identificado com informações, como a lista de ingredientes, lote, prazo de validade, entre outros. No caso dos refeitórios da BRF, algumas carnes eram enviadas em uma embalagem azul sem informações.

Em março, a assessoria de imprensa da BRF enviou nota ao LIVRE assegurando que “todos os alimentos oferecidos aos seus colaboradores são próprios para consumo e reitera seu compromisso com a qualidade e segurança alimentar”.

Dossiê

Outra questão envolvendo a multinacional se refere à retenção de diversos equipamentos e pertences da NVM, que prestava serviço de produção de refeição aos colaboradores da BRF. Após a empresa apresentar dossiê sobre irregularidades na planta de Lucas do Rio Verde, que foi levado ao conhecimento do então diretor da BRF, André Luís Baldissera – posteriormente preso na primeira fase da Operação Carne Fraca – seus equipamento foram retidos na fábrica.

[featured_paragraph]No documento constavam alertas sobre a precariedades da estrutura, como risco de incêndio e problemas com equipamentos no refeitório da unidade.[/featured_paragraph]

Durante a audiência, diante da juíza Ester Belém, uma testemunha contou que, na ocasião em que ocorreu o episódio, todos os colaboradores da NVM que estavam lotados na planta de Lucas do Rio Verde foram escoltados para fora do local por colaboradores da BRF. Da mesma forma, a partir daquele momento, tudo que estava dentro da unidade – e pertencesse à NVM – não tinha autorização para sair e os colaboradores externos não poderiam mais entrar.

“Estava em Lucas do Rio Verde no dia em que aconteceu o bloqueio. Pedi para entrar na unidade para retirar coisas pessoais, mas não deixaram. Inclusive, o celular corporativo. Até tentei com os funcionários lá para pegarem para mim. Mas todos estavam sendo escoltados na saída. Não podiam sair com papel nem nada de lá. Não teve notificação. Ninguém foi avisado. A gente vinha mantendo o trabalho normalmente até esse momento”, relatou em juízo.

Conforme explicação do advogado de defesa da NVM, Alex Cardoso, quando o dossiê contrário foi apresentado, a BRF rompeu o contrato. “Tudo aconteceu de maneira inesperada, abrupta e antijurídica. E a extensão dos danos foi enorme, o que resultou no aniquilamento financeiro da NVM”.

A defesa ainda alega que perdeu praticamente todos os seus clientes, devido a um efeito cascata. Além de ter causado a demissão de 94% dos funcionários da empresa, caindo de 280 para 17 trabalhadores.

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