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Sem notícias dos presos, familiares e advogados se revoltam em Goiás

Detentos do complexo prisional de Aparecida de Goiânia se amotinaram nesta sexta (19/2). Em meio à confusão, chegaram a fazer uma live

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Motim em presídio de Goiás
1 de 1 Motim em presídio de Goiás - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – A falta de notícias sobre a situação dos presos no interior da Penitenciária Odenir Guimarães (POG), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, nesta sexta-feira (19/2), revoltou familiares e advogados que aguardaram do lado de fora. Desde o início do motim dos presos, que reagiram à intervenção policial feita nesta manhã, parentes clamaram por informações e advogados foram impedidos de entrar.

A maior parte das informações vinham de uma avalanche de áudios e vídeos feitos pelos próprios presos. Eles falam em tiros e explosões e as imagens mostram fumaça e fogo. Em live transmitida do lado de dentro do cárcere, os presos reclamaram da situação e disseram que a confusão era uma resposta à forma como eles estão sendo tratados.

“Nossa cobal chegou quarta feira, diretor veio dar sabão pra ‘nóis’ comer. ‘Tamo’ sem banho de sol, nós ‘quer’ só o direito, comida digna, banho de sol. sabonete, pasta dente”, disse um dos presos durante a transmissão ao vivo e acompanhada por cerca de 10 mil pessoas.

Veja vídeo:

Regime fechado

A unidade prisional é onde ficam os presos que cumprem pena em regime fechado. A situação no local, segundo familiares, piorou nos últimos meses, depois que foram adotadas regras que limitam o acesso dos detentos às famílias e prejudicam a entrega de alimentos e produtos de higiene nos chamados dias de cobal.

Os parentes que conseguiram senha da cobal e foram até o presídio nessa quinta-feira (18/2) para levar os mantimentos não conseguiram entregar, pois coincidiu com o assassinato do vigilante prisional, que foi morto junto da mulher, na porta do Complexo Prisional.

“Os presos hoje reivindicam por água, comida e troca do gestor da unidade”, diz a advogada Jennifer Nayara Caetano. Segundo ela, desde que parte dos detentos da unidade foi transferida para outros presídios, o fornecimento de alimentação interna na POG foi prejudicado e reduzido. “Numa cela de 30 presos, por exemplo, só 20 recebem a chamada ‘xepa'”, conta.

A frente do complexo foi vigiada boa parte da tarde por homens da cavalaria da Polícia Militar. Por vezes, os familiares se aproximaram e manifestaram a revolta, mas a movimentação foi mantida sob controle.

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Duplo homicídio

O motim ocorreu um dia após a morte de um vigilante penitenciário temporário e de sua mulher a poucos metros da saída do complexo prisional. Elias de Souza Silva, de 38 anos, foi assassinado a tiros com sua mulher, depois de ter sido alvo de uma alegada tentativa de suborno em serviço e de conter motim de presos, no dia 1º de fevereiro deste ano, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.

O duplo homicídio ocorreu logo após o vigilante sair do plantão de 24 horas e se encontrar com a mulher dele. Silva vivia aterrorizado por conta de revista que gerou conflito com presos por roubo, no início do mês. O caso foi denunciado por ele e por colegas à Polícia Civil. A juíza Lílian Margareth, do Juizado Especial Criminal de Aparecida de Goiânia, recebeu na quinta o processo referente ao motim de presos, que foi contido por ele e policiais.

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