Abadiânia (GO) – A primeira aparição pública do médium João de Deus foi marcada por tumulto. Nos sete minutos em que ele ficou na Casa Dom Inácio de Loyola, na manhã desta quarta-feira (12/12), voluntários o cercaram e chegaram a agredir jornalistas com socos no estômago, ofensas verbais e até mordidas.
“Vocês terão câncer e voltarão todos aqui para se curar. Você se arrependerão do que estão fazendo”, gritava uma mulher. “Tenham respeito”, pediu outra. Assessora de imprensa de João de Deus, Edna Gomes pediu desculpas em nome da Casa Dom Inácio de Loyola pela postura agressiva.
“Peço desculpas a vocês, com elegância e simplicidade. Isso não acontece aqui na Casa. Talvez as pessoas estejam nervosas pelas coisas que estão ocorrendo. A Casa é de amor, ternura”, destacou.
João de Deus faz atendimentos espirituais às quartas, quintas e sextas. Ele chegou por volta das 9h30 ao local e foi cercado por uma multidão. Disse que é inocente. “Enquanto ele puder, vai vir aqui, fazer o trabalho dele. E se a Justiça achar que não deve, está também aberto”, ressaltou Edna Gomes. Segundo ela, o médium deixou o local após ter um pico de pressão.
Seguidora de João de Deus amaldiçoa jornalistas: "Vocês terão câncer"

Seguidora de João de Deus amaldiçoa jornalistas: "Vocês terão câncer"
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Em 12 de dezembro de 2018, João de Deus apareceu pela primeira vez na Casa Dom Inácio de Loyola após a divulgação do escândalo sexualMichael Melo/Metrópoles

Depois que as denúncias vieram à tona, o médium foi presoFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Ele disse que é inocenteFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Fiéis se dividem entre os que estão estarrecidos com as denúncias e os que questionam a credibilidade das centenas de vítimas do médiumMichael Melo/Metrópoles

Fiéis na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO)Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

O caso abalou a popularidade do médium João de DeusFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

O comércio de Abadiânia foi impulsionado nos últimos anos graças ao turismo religioso na cidadeFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

As pessoas vestem branco para ir à Casa Dom Inácio de LoyolaFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Muitas pessoas procuravam ajuda do médium em busca da cura de enfermidadesMichael Melo/Metrópoles

Michael Melo/Metrópoles

Abadiânia costuma reunir multidões em busca de atendimento na Casa Dom Inácio de LoyolaMichael Melo/Metrópoles

Os atendimentos ocorrem às quartas, quintas e sextas-feirasFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

No casarão, fiéis fazem orações antes de se encontrarem com o médiumFilipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Espera antes de serem formadas as filas para ver João de DeusMichael Melo/Metrópoles

Casa Dom Inácio de LoyolaMichael Melo/Metrópoles

Sem o médium, que está preso, não há definição sobre como será o atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola nos próximos diasMichael Melo/Metrópoles
Assim que João de Deus chegou à Casa nesta quarta (12), cerca de 100 pessoas estavam no local e o cercaram. Ele foi aplaudido e uma grande confusão se formou. Um dos voluntários disse aos jornalistas que o líder espiritual estava sem condições de fazer atendimentos em razão do escândalo e pediu desculpas: “Se houve um erro, peço desculpas”, afirmou o homem, que não se identificou.
Até o momento, 450 denúncias foram protocoladas em Ministérios Públicos de 10 estados e do Distrito Federal. Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de Goiás, Luciano Miranda Meireles avalia que os relatos de abuso sexual envolvendo o líder espiritual João Teixeira de Faria tem potencial para alcançar uma dimensão maior do que o caso de Roger Abdelmassih.
O ex-médico de reprodução assistida foi condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes. “Pela movimentação que estamos assistindo, o número de mulheres que se apresentam como vítimas deverá ser maior. Há relatos de abusos ocorridos há 20 anos.”