A exaustão te pegou? Veja dicas para ter um descanso de qualidade

Você já pensou no que faz com o seu tempo livre? Mestre em psicologia, especialista em psicologia positiva e bem-estar no trabalho, membro da SDG Academy, principal iniciativa de educação da Sustainable Development Solutions Network (SDSN), da Organização das Nações Unidas, a especialista Carla Furtado avisa que é melhor começarmos a avaliar isso de maneira coletiva.

Afinal, a pandemia de Covid-19, com suas múltiplas restrições, contingências e compromissos virtuais, exacerbou o sentimento de cansaço que já estávamos vivendo na sociedade do conhecimento, altamente conectada e com fronteiras diluídas.

“Temos narrativas fantásticas e comportamentos distópicos. Temos de encontrar o caminho do meio”, ensina Furtado. “O nível de exaustão no qual estamos vivendo não é só individual: é coletivo.”

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A psicóloga Carla Furtado J.P. Telles

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Carla Furtado diz que a desconexão é fundamental para se restaurar J.P. Telles

Cansaço mental: psicólogo ensina a aliviar primeiros sintomas

Dificuldade de concentração, perda de memória, cansaço extremo, insônia e falta de paciência são alguns dos sintomas da exaustão Pexels/Reprodução

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Em busca de colocar em prática o discurso, a psicóloga e o Institulo Feliciência fizeram um desafio para o cineasta brasiliense Sérgio Raposo e a equipe da Dark Lotus: realizar um documentário curto sobre a avalanche de momentos vividos em frente às telas.

Daí nasceu o Manifesto 22 – Entre a Utopia e a Distopia, com 45 minutos. “Uma reflexão curta, mas profunda, sobre o assunto”, conta Carla Furtado.

O filme vai ser apresentado no dia 20 de novembro, às 17h, durante seminário de mesmo nome, e será acompanhado de uma discussão encabeçada pela médica norte-americana Saundra Dalton-Smith, com o tema O descanso é sagrado. As inscrições, no valor de uma cesta básica de R$ 50, podem ser feitas pelo link https://bit.ly/manifesto22 e pelo site do Instituto Feliciência.

Mas e as dicas?

Carla Furtado adianta: não existe receita mágica para que nosso descanso seja de qualidade. A construção do que ela chama de restauração, no entanto, começa com o debate sobre o assunto. “A compreensão do que acontece já é uma ação. Essa discussão já faz parte da solução”, diz a especialista, citando Saundra Dalton-Smith, autora de livros como Sacred rest (sem tradução no Brasil, mas que pode ser chamado de Descanso sagrado).

Tudo bem, a receita não existe. Entretanto, há dicas para fugir dessa exaustão coletiva. Veja:

• Exposição à natureza: pisar na grama, sentar embaixo de uma árvore, colocar os pés dentro de um rio. “Isso tem um efeito muito grande sobre o sistema nervoso”, diz Furtado. Ela, aliás, estava sob uma mangueira enquanto dava essa entrevista. Segundo a especialista, ao fazer isso uma hora por semana já é possível sentir os efeitos.
• Tempo de desconexão digital: o ideal, segundo a psicóloga, é passar 12 horas contínuas sem qualquer contato com o on-line. Mas Furtado sabe que isso é algo bem difícil de se conseguir. Por isso, ela sugere que a pessoa deixe de consultar as redes sociais duas horas antes de dormir ou duas horas depois de acordar.

Carla Furtado sugere também a leitura de autores que refletem sobre o assunto para entender mais a respeito da importância do descanso de qualidade. Além de Saundra Dalton-Smith, ela recomenda o filósofo e ensaísta sul-coreano Byung-Chul Han, autor de Sociedade do Cansaço. Segundo ele, hoje em dia, até mesmo o descanso funciona a serviço do trabalho, da produtividade. E não deveria ser assim.

De Dalton-Smith, a psicóloga lembra dos sete níveis de descanso: físico, mental, sensorial, criativo, emocional, social e espiritual. Ela chama a atenção para os descansos emocional e sensorial. O primeiro deles é proporcionado pelo contato mais íntimo com outra pessoa, alguém para quem você possa se abrir e ser você mesmo. E o segundo é a distância das telas.

“Não é só dormir, é preciso realmente se desconectar para ter o descanso de qualidade”, aponta Furtado.