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Plano de Guedes e Tereza contra fome e desperdício não sai da promessa

Há mais de um mês, ministros da Economia e da Agricultura prometeram “em 15 dias” propostas para problema urgente, mas não iniciaram esforço

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
paulo guedes
1 de 1 paulo guedes - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Um evento em junho com empresários do setor de supermercados e ministros, como Paulo Guedes, Tereza Cristina e João Roma, ficou marcado por mais uma fala polêmica do titular da Economia, que sugeriu dar sobras de restaurantes a pessoas que têm fome. Para além dessa fala que viralizou, aquela reunião foi palco de uma promessa do governo de buscar “rapidamente” soluções para reduzir o desperdício e combater a fome, mas os prazos dados inicialmente pelos ministros já se foram.

A proposta foi da ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ela avaliou, em fórum da Associação Brasileira dos Supermercados no dia 18 de junho, que o Brasil tinha “certos exageros na legislação” e se mostrou favorável a uma demanda do setor – de flexibilizar as regras do prazo de validade dos alimentos, possibilitando doações e vendas por preços abaixo do mercado.

“Nós podemos sentar num grupo, colocar uma meta de 15 dias e trazer uma solução”, discursou a ministra da Agricultura, que reforçou na fala a necessidade de rapidez nessa ação governamental, afinal há um crescente contingente de indivíduos passando fome no Brasil e dependendo de políticas públicas.

Paulo Guedes topou o desafio. “Eu estou inteiramente com ela, vamos montar esse grupo, fazer isso, em 15 dias a gente traz uma sugestão pra conectar a redução do desperdícios com o ataque direto à fome, que é justamente o objetivo das nossas políticas sociais. Acho 15 dias excelente, mas a solução mesmo deve ser [com prazo] um pouco mais longo, de 30 dias, talvez 60 dias”, disse o ministro da Economia.

Mais de um mês depois, o grupo que deveria apresentar as primeiras ideias em duas semanas nem foi formado.

A pasta comandada por Tereza Cristina respondeu aos questionamentos do Metrópoles informando que “está em fase final a estruturação de um Grupo de Trabalho de Enfrentamento às Perdas e aos Desperdícios de alimentos que irá trabalhar na elaboração de ações e estratégias para esse fim”, mas não deu previsões de quando os trabalhos serão iniciados.

Ainda segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “a partir da constituição legal, o Grupo de Trabalho terá o prazo de 90 dias para propor um plano de ação nacional convergente com os compromissos internacionais do Brasil para a redução de perdas e desperdício”.

Veja a participação e as promessas dos ministros Tereza Cristina e Paulo Guedes no evento de 18 de junho de 2021:

Burocracia que atrasa as políticas públicas

A demora do governo em atravessar as barreiras burocráticas para atender quem passa fome agora se reflete também na formulação da grande aposta federal para a área social: programa prometido para agosto, que começará efetivamente a funcionar em dezembro, com nova versão do Bolsa Família. A ideia é que a iniciativa englobe também parte daqueles que precisaram do auxílio emergencial ao longo da pandemia.

Segundo Guedes, as propostas que agora estão atrasadas devem fazer parte desse plano maior.

Em resposta ao Metrópoles sobre a criação do grupo de trabalho com Economia e Agricultura, o Ministério da Cidadania não respondeu especificamente sobre essa iniciativa, mas listou os esforços do governo contra a fome.

“Ações e medidas já existentes farão parte do novo programa de forma transversal, dentro do conceito de autonomia e emancipação social do cidadão”, afirmou o ministério em nota.

“A pasta também trabalha atualmente na proposta de modernização dos Bancos de Alimentos, públicos e privados. A ideia é simplificar os processos e promover a mobilização de mais doações por meio desses equipamentos que são estratégicos no combate à perda e ao desperdício, não só pela eficiência na distribuição de alimentos doados, mas pela capacidade de mobilizar essas doações que, em muitos casos, seriam desperdiçadas”, diz ainda o texto, em uma proposta alinhada aos desejos de Guedes e Tereza Cristina.

O Ministério da Economia não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a criação do grupo de trabalho.

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Avanço da fome

Pesquisas mostraram que a insegurança alimentar tem avançado sobre as famílias brasileiras com mais velocidade na pandemia. O número de brasileiros que convivem com a fome chegou a um em cada sete. Ao mesmo tempo, estima-se que de 30% a 40% do alimento produzido no país seja desperdiçado em algum ponto da cadeia de produção, distribuição e consumo.

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