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Procurador: houve escravidão porque índio não gosta de trabalhar

Ouvidor-geral do Ministério Público do Pará afirma ainda, em áudio obtido por jornal, que “não há dívida nenhuma com quilombolas”

atualizado

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Divulgação/MPPA
Ricardo Albuquerque
1 de 1 Ricardo Albuquerque - Foto: Divulgação/MPPA

Um procurador do Ministério Público Estadual do Pará dava uma palestra a alunos de direito de uma universidade privada local quando afirmou que a escravidão no Brasil ocorreu porque “índio não gosta de trabalhar”.

“Esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje. O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. O índio preferia morrer. Foi por causa disso que eles foram buscar pessoas nas tribos na África , para vir substituir a mão de obra do índio. Isso tem que ficar claro, ora!”, disse o procurador Ricardo Albuquerque, conforme áudio obtido pelo jornal O Globo.

A gravação de um trecho da conversa chegou a circular em redes sociais. Na palestra, diz a reportagem, o procurador ainda afirma que vai “falar uma coisa que talvez muita gente não goste” e sustenta que não há “dívida nenhuma com quilombolas”.

“Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós aqui, se você for ver sua família há 200 anos atrás (sic), tenho certeza que nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para ser escravizadas aqui”, prosseguiu o profissional, que ocupa o cargo de ouvidor-geral do MPPA.

Segundo Albuquerque, políticas públicas não devem ter destinação por raça.

“Agora tem que dar estrutura para todo mundo, tem que dar terra pra todo mundo, mas é porque é brasileiro, só isso. É o que eu disse ainda agora, todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que você quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais, todos, todos, todos, absolutamente todos. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. Eu lhe respeito, você me respeita, acabou a história. O resto é papo furado. Isso tudo só faz travar a sociedade e eu tô dizendo isso porque eu sei o que rola lá dentro”, insistiu.

Em nota, o procurador alega que o “áudio que está sendo veiculado tendenciosamente nas redes sociais foi divulgado fora de seu contexto”. Ainda de acordo com a nota, “o assunto era o Ministério Público como instituição e não tinha como escopo a análise de etnias ou nenhum outro movimento dessa natureza”.

A instituição repudiou
O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) também enviou uma posição institucional e repudiou o teor do áudio. “O teor reflete tão somente a opinião pessoal do referido membro da instituição. Em relação à questão racial, o MPPA tem trabalhando para assegurar a implementação de políticas públicas para garantir às populações negras e indígenas a efetivação da igualdade de oportunidades.”

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