Presidente eleito do Paraguai discute com Lula novo acordo para Itaipu

O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (16/5) no Palácio do Planalto, em Brasília. É a primeira viagem internacional do candidato eleito no final de abril pelo Partido Colorado para substituir Mario Abdo Benítez, da mesma legenda. Peña, que assume em agosto, tem como prioridade abrir caminhos para renegociar o acordo entre seu país e o Brasil em torno da energia produzida pela Usina Binacional de Itaipu, entre o Paraná e o país vizinho.

O Acordo de Itaipu faz 50 anos em 2023 e deve ser revisto, pois a obra já se pagou. Os dois países têm direito a 50% cada da energia produzida, mas o Brasil usa muito mais e compra esse excedente do Paraguai.

Peña quer que o Brasil concorde em rediscutir o valor pago por essa energia excedente, que é menor do que o pago pelo mercado aberto. Os paraguaios também gostariam de usar uma parcela maior da energia e também poder vender sua parte excedente livremente no mercado.

“Itaipu pode ser uma fonte de desenvolvimento para o Paraguai”, disse Peña em conversa com jornalistas após a reunião com Lula. “Nos primeiros 50 anos, Itaipu cumpriu seu objetivo de se construir e pagar. Agora o novo desafio deve ser o desenvolvimento, essa é a proposta do Paraguai. Que ela possa gerar oportunidades de emprego para paraguaios e brasileiros”, continuou, sem se aprofundar nas questões financeiras.

“Eu disse ao presidente Lula que nossa conversa não pode estar baseada apenas em lucro e dinheiro, mas em um processo de integração que leve ao desenvolvimento nos dois países”, disse ainda Peña, que é de centro-direita, mas fez muitos elogios ao presidente do Brasil.

“O Paraguai tem memórias muito lindas das duas presidências de Lula, melhores anos da história da relação dos dois países e queremos retomar isso”, disse o paraguaio, que também se comprometeu a cumprir o compromisso de campanha de restabelecer as relações diplomáticas com a Venezuela.

“Sempre tivemos relação com o povo da Venezuela e isso [restabelecer contato diplomático e político] não nos impede de ter uma posição crítica em relação a direitos humanos ou realização de eleições”, disse Peña.

Nota do Brasil

O governo brasileiro comentou o encontro em nota oficial. O texto não se aprofunda no que foi discutido nem menciona compromissos feitos pelo presidente do Brasil.

“Durante o encontro, o presidente Lula reafirmou sua disposição em seguir desenvolvendo a parceria com o país vizinho, com vistas ao aprofundamento da relação bilateral e ao fortalecimento da integração entre os países da América do Sul. Reiterou, igualmente, ao presidente eleito seus votos de êxito no desempenho do mandato, que se iniciará em agosto próximo”, diz a nota.

“Na ocasião, repassaram alguns dos principais pontos da agenda bilateral, como a cooperação no âmbito da Itaipu Binacional, do Mercosul e a colaboração em projetos de infraestrutura comum e no combate a ilícitos internacionais”, diz ainda a nota.