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Barra Torres: vacinação para crianças foi decidida por 1,6 mil nomes

“Estamos todo juntos”, disse o presidente da Anvisa ao citar que todo o corpo técnico contribuiu em decisão contestata por Bolsonaro

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
Diretor presidente da ANVISA, Antonio Barra Torres
1 de 1 Diretor presidente da ANVISA, Antonio Barra Torres - Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, declarou, antes de iniciar a 25ª reunião da diretoria colegiada da agência nesta sexta-feira (17/12), que os funcionários da instituição estão unidos na decisão de aprovar a aplicação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.

“Se formos consultar todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para que aquele posicionamento fosse estabelecido, essa lista contaria, por certo, com mais de 1,6 mil nomes, porque todas as nossa atividades estão entrelaçadas. Estamos juntos”, ressaltou Barra Torres.

Nessa quinta-feira (16/12), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que que não interfere na Anvisa, mas que pediu o nome de quem aprovou a aplicação do imunizante em crianças a partir dos 5 anos. Barra Torres saiu em defesa do corpo técnico nesta sexta.

“Embora a decisão de ontem ser da nossa área técnica, das gerências gerais envolvidas, fizemos questão de colocar em público o apoio integral de toda a diretoria Colegiada. Quando as resoluções da Anvisa, sejam elas de nível de diretoria ou gerencial, são tornadas publicas, em Diário Oficial da União (DOU), passam a ser decisões, posições, estabelecimentos da Anvisa”, afirmou ele.

O presidente da agência também declarou que todos os funcionários que participaram da decisão terão “total tranquilidade em fornecer informações” solicitadas sobre o processo de aprovação e lembrou que cabe aos pais e responsáveis a decisão de vacinar ou não as crianças contra Covid-19.

O diretor-presidente afirmou que ainda é preciso manter o uso de máscara, evitar aglomerações, continuar com a boa higienização das mãos e “lembrar que o eixo do combate a esta pandemia é e continuará sendo vacina, vacina e vacina”. No final, ele agradeceu às manifestações de apoio ao trabalho da Anvisa depois do anúncio feito nessa quinta.

Início da imunização

Apesar da autorização da Anvisa para uso do imunizante Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, divulgada nessa quinta, ainda não há expectativa para o início da imunização deste público no Brasil. Cabe ao Ministério da Saúde adquirir doses para este público e incluí-lo no Programa Nacional de Imunização contra a Covid.

Em nota divulgada à imprensa nesta semana, a Pfizer afirmou que o contrato mais recente firmado com o governo federal, para compra de 100 milhões de doses em 2022, permite a modificação das vacinas para diferentes faixas etárias.

Na prática, caso o Ministério da Saúde decida incluir as crianças no PNI no próximo ano, a farmacêutica poderá fornecer doses específicas para este grupo, seguindo o acordo firmado com o governo. No entanto, nenhuma vacina com dosagem especial foi enviada ao Brasil até o momento.

“O terceiro contrato assinado com o governo brasileiro no dia 29 de novembro de 2021 para o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 para o ano de 2022 também inclui a possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante para variantes, que poderão ser eventualmente desenvolvidas caso necessário, e versões para diferentes faixas etárias, conforme solicitação por parte do Ministério da Saúde”, informou o laboratório.

Dosagens diferentes

O gerente de Medicamentos, Gustavo Mendes, explicou que os estudos apresentados pela Pfizer e analisados pela Anvisa testaram três dosagens diferentes da vacina para avaliar qual seria a mais apropriada para a aplicação em crianças.

Os pacientes dessa faixa etária foram vacinados com um volume de 10 µg(microgramas) de imunizante. Em adultos, a dosagem é de 30 µg .

Cerca de 1.500 pessoas participaram da pesquisa tomando vacina. Outras 750 receberam placebo. Todos os voluntários receberam duas doses, com intervalo de 21 dias. De acordo com Mendes, a vacina apresentou resultados positivos para a população infantil.

“Comparando crianças de 5 a 11 anos com pessoas de 16 a 25 anos, com a dosagem diferente, a gente observou que existe a mesma quantidade de anticorpos neutralizantes. A vacina tem um desempenho importante na geração de anticorpos nessa população”, afirmou.

Ele também pontuou que há presença “significativa” de anticorpos contra a variante Delta, mas que o surgimento de novas mutações do coronavírus deve ser observado para aprimorar o imunizante.

De acordo com Suzie Marie, coordenadora da Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária, a maior parte dos eventos adversos relatados na aplicação da vacina em crianças é sem gravidade. Ela ressaltou que os benefícios do imunizante superam os riscos, e pediu que os pacientes e os gestores de saúde estejam atentos aos possíveis efeitos adversos, que devem ser comunicados à agência.

“Os benefícios da vacina superam os riscos, e é fundamental a participação da sociedade no monitoramento pós uso”, frisou.

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