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Porto de Santos nega ter pareceres sobre impactos ambientais do PDZ

Comissão de Segurança Ambiental da Câmara se mostrou surpresa. Presidente do Settaport disse que SPA jamais havia mostrado relatórios

atualizado

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Integrantes da Comissão de Segurança Ambiental da Câmara Municipal de Santos (SP) se disseram surpresos, nessa quarta-feira (10/3), ao alegarem que o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Santos Port Authority (SPA), Bruno Stupello, teria revelado, em audiência pública, possuir pareceres da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que avaliaram os impactos ambientais da aplicação do novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos.

A SPA nega, no entanto, possuir os pareceres. A autoridade informou que houve equívoco no entendimento da Comissão de Segurança Ambiental da Câmara Municipal e lamentou “a postura da Comissão, que, em virtude de pautas alheias à verdade dos fatos, propaga desinformação sobre um evento que deveria ser esclarecedor à população interessada no desenvolvimento portuário.”

Aprovado em julho do ano passado pelo Ministério da Infraestrutura, o PDZ prevê a ocupação das áreas públicas pelos próximos 20 anos. Os impactos de partículas suspensas, provocados principalmente pela manipulação de granéis vegetais em áreas do porto contíguas à ocupação urbana, e da pretendida expansão do ramal ferroviário têm preocupado parte da população santista.

Durante a audiência pública, Stupello disse que: “Se os senhores pegarem o relatório da Cetesb do ano de 2020 trazem com que a estação de medição de poluentes da região da Baixada Santista é a melhor estação de captura, de medicação de poluentes, do estado de São Paulo”.

“[…] O relatório do Ibama chegou a conclusão, depois de vistoriar 100% dos terminais vistoriados, chegou a conclusão de que o Porto [de Santos] é um porto seguro, todos os terminais operam seguindo as regras impostas para movimentações de cargas perigosas. Então, trazer qualquer relação de movimentação com o Porto de Santos com o porto internacional [de Beirute] que sofreu acidente, é um completo absurdo. Que as condições de armazenamento daquela carga lá são desconhecidas”, prosseguiu o diretor.

“Para nós, foi uma surpresa. Tem dois anos que estamos questionando a autoridade portuária. Tem dois anos que a gente tem feito audiências públicas na Câmara, convidando o presidente da SPA. Em nenhum momento, a autoridade portuária compareceu. Ontem foi pela primeira vez, e disse que a implantação do PDZ já está bem encaminhada. Não conhecemos esses relatórios”, disse o vereador Chico Nogueira (PT), presidente do Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários (Settaport), ao Metrópoles.

Confrontados com a suposta existência dos pareceres, a Comissão de Segurança Ambiental da Câmara Municipal de Santos e integrantes do Fórum da Cidadania da Baixada Santista estudam agora ingressar com uma ação, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), para ter acesso aos documentos e, assim, analisar os conteúdos.

Nessa última audiência pública, foi manifestada a preocupação com a intenção da Autoridade Portuária e do Ministério da Infraestrutura de não só aumentar a manipulação de granéis vegetais, o que poderia trazer intenso impacto à população, mas também de criar um terminal de fertilizantes e de cargas instáveis na região de Outeirinhos e Macuco, onde, além da população que habita no entorno, estão instalados diversos campi universitários, incluindo-se o da Universidade Federal de São Paulo.

“É difícil acreditar que duas das mais renomadas agências ambientais brasileiras, a Cetesb e o Ibama, tenham aprovado um plano de expansão de atividades no porto, que já provoca tanto desconforto e prejuízo a saúde da população santista”, reagiu o vereador. Segundo ele, os estudos ambientais também deveriam prever medidas de mitigação dos impactos no meio ambiente. “Queremos ver o que foi recomendado”, acrescentou.

Após a publicação da reportagem, a Santos Port Authority (SPA) procurou o Metrópoles e disse haver equívoco no entendimento da Comissão de Segurança Ambiental da Câmara Municipal. O órgão lamentou a postura da comissão, “que propaga desinformação sobre um evento que deveria ser esclarecedor à população interessada no desenvolvimento portuário”.

“Com intuito de evitar desinformação junto à opinião pública, dado que as afirmações trazidas à tona pelo Metrópoles não guardam relação com a realidade, a SPA esclarece que, diferentemente do que foi afirmado na matéria, em nenhum momento houve afirmação de que há pareceres dos órgãos ambientais estadual e federal sobre impactos ambientais do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos”, assinalou.

O Porto de Santos esclareceu que “a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi citada pela SPA apenas em relação ao Relatório do órgão referente a 2019, que atesta a melhora da qualidade do ar medida na estação do entorno portuário, nas imediações da Ponta da Praia, onde estão os terminais de grãos, relativamente à emissão de particulados”.

“Inclusive, no caso de MP10, poluente que pode ser associado à movimentação de granéis sólidos, Santos apresentou a melhor qualidade do ar de todo o Estado de São Paulo. Vale repetir o que consta do relatório: ‘A redução das concentrações na estação Santos-Ponta da Praia, observada ao longo do tempo, está associada à melhoria dos procedimentos de operação na manipulação de grãos e cereais no Porto de Santos’, diz a Cetesb, associando a redução dos índices também às condições climáticas”, prosseguiu o órgão.

Já o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), segundo o Porto de Santos, foi citado unicamente em relação à Operação Reliqua, a qual ocorreu em duas fases no ano passado e reuniu, além do próprio Ibama e SPA, outros órgãos de fiscalização: Marinha, Exército, Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Defesa Civil, Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Santos) e Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp).

“Nesse caso, o Ibama concluiu que a movimentação de cargas perigosas no Porto de Santos é segura, pois conta com ações preventivas e fiscalizatórias com relação ao transporte e armazenamento desse tipo de carga, sendo uma irresponsabilidade comparar o que houve no Líbano – onde não há, até o momento, qualquer laudo apontando o que de fato ocorreu para deflagrar tamanha explosão – com a instalação de terminal de fertilizantes ora em curso no Porto, que conta com licença ambiental da Cetesb. Desde 2016, a Cetesb estabeleceu criteriosas condições ambientais, sanitárias e de segurança para operação de instalações portuárias. O órgão ampliou o rigor nas exigências de licenciamento e todos os terminais a serem implantados terão, necessariamente, equipamentos dimensionados para atendimento utilizando-se da melhor tecnologia possível e acompanhados de severos sistemas de controle e monitoramento das operações e instalações”, prosseguiu.

Além do cumprimento das exigências estabelecidas pelo órgão, a SPA disse exercer apurada rotina de inspeção nos terminais arrendados, que, em caso de descumprimento das normativas, podem ser remetidas à Antaq para efeito de sanções aos infratores.

“Portanto, ressaltamos que em nenhum momento houve a afirmação de que o PDZ conta com pareceres favoráveis da Cetesb ou Ibama. Qualquer afirmação neste sentido é má interpretação do que foi falado e pode ser verificado na gravação da audiência pública no Youtube. A SPA reitera o que já informou por diversas vezes: o PDZ foi amplamente debatido com a comunidade portuária e sociedade civil, validando, preliminarmente, premissas para projeções e, a posteriori, capturando impressões sobre os resultados e necessidades de cada classe”, disse.

“Aproximadamente 20 empresas foram consultadas para validação de premissas de projeção apontadas no Plano Mestre. Num segundo momento, a SPA reuniu-se com aproximadamente 35 empresas e entidades da comunidade portuária e sociedade civil, inclusive com representantes das Prefeituras, das Câmaras municipais e do próprio Sindicato presidido pelo vereador Francisco Nogueira (PT), para colher impressões sobre os resultados e necessidades de cada classe. A SPA considera importante a participação de todos a fim de que o PDZ reflita de forma clara e precisa as perspectivas de ampliação da capacidade de atendimento ao comércio exterior. Assim, diversas sugestões decorrentes desses encontros foram incorporadas ao PDZ, como a destinação de berços de atracação para operadores de cais público, reserva de áreas para apoio marítimo, e garantia de espaço para operação de suprimento de navios”, finalizou.

Inicialmente, o título desta matéria dizia “Porto de Santos diz ter pareceres sobre impactos ambientais do PDZ”. A chamada foi alterada, no entanto, para refletir o posicionamento do Porto de Santos.

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