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Talíria Petrone: “Lugar de poder não é visto como espaço de mulher”

Crítica ao governo e recém-chegada à Câmara, deputada federal do PSol integrou a “tropa de choque” contra a reforma da Previdência

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Imagem colorida da deputada Federal Talíria Petrone
1 de 1 Imagem colorida da deputada Federal Talíria Petrone - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Recém-chegada à Câmara, a deputada federal Talíria Petroni (PSol-RJ) aliou-se à “tropa de choque” da oposição, responsável pelo chamado “kit obstrução” que arrastou por cinco longas sessões as discussões para a votação da proposta de reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Em entrevista ao Metrópoles, a parlamentar criticou novamente as mudanças nas regras para a aposentadoria dos brasileiros planejada pela atual gestão do Executivo federal. “Não consigo pensar qual parte da reforma não cassa direitos”, avalia.

Talíria foi correligionária de Marielle Franco, vereadora carioca assassinada no ano passado em um crime atualmente atribuído pela polícia e pelo Ministério Público a ações de milicianos. As duas foram eleitas vereadoras na mesma eleição, em 2016.

Nesta semana, um vídeo mostrou um Guarda Civil de Ouro Preto (MG) pisoteando um tapete de serragem em homenagem a Marielle Franco, em pleno domingo (21/04/19) de Páscoa.

“Quando a gente tem um governo que lembra com saudade da ditadura, que fala da tortura e diz que bandido bom é bando morto, isso empodera um policial para atender uma ordem da igreja, em um país laico, a destruir”, disse.

Para além desse episódio, ela avalia que, da forma como o poder está configurado no Brasil, mulheres têm menos voz.

“A política carrega duas esferas: a do poder e do público. Lugar de poder, especialmente no Brasil, com as nossas marcas, não é entendido como espaço de mulher. Espaço público não é entendido enquanto espaço de mulher”, observou.

Confira a íntegra da entrevista da deputada federal ao Metrópoles.

 

Entretanto, ela avalia que a bancada feminina na Câmara, composta por mulheres de todas as matizes ideológicas, é um espaço “menos árido”, apesar das divergências entre as deputadas.

A bancada feminina me parece um espaço muito menos árido que os outros espaços da Câmara. Tem conseguido pensar sínteses. Tem divergência. Tem gente que apoia a reforma da Previdência, tem gente que não apoia. Todas as mulheres, mesmo as que não reconhecem isso, vivenciam e algumas estão começando a reconhecer

Talíria Petroni, deputada federal (PSol-RJ)

Reforma tributária
Quanto às propostas da oposição, Talíria ainda respondeu que uma reforma tributária seria muito mais urgente para melhorar o problema fiscal do país que a reforma da Previdência. “Reforma tributária seria aí o primeiro caminho, taxando patrimônios, dividendos, parte dos lucros que não é taxada”, exemplificou.

“Até o FMI [Fundo Monetário Internacional] afirma que quanto há mais distribuição de renda, mais cresce o PIB [Produto Interno Bruto, quando há revisão das normas tributárias].

Sobre a política, embora estreante na Câmara, Talíria se diz pouco entusiasmada com o Parlamento. “Política, para mim, não é o Parlamento apenas. Política é o preço do pão, é o preço do ônibus, é se a trabalhadora doméstica vai conseguir se aposentar ou não, se o filho dela vai chegar vivo ou vai ser morto com uma bala de fuzil do Estado”, observou.

A parlamentar se disse pessimista com os rumos do país. “Temos um Estado máximo, no que se refere a direitos”, observou. “E um Estado mínimo para garantir direitos”, completou.

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