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Sem citar 400 mil mortes por Covid, Bolsonaro lamenta “número enorme”

País vive pior momento da pandemia e atingiu triste marca um mês após registrar 300 mil mortes em decorrência da doença

atualizado

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Isac Nóbrega/PR
Presidente Jair Bolsonaro em discurso
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro em discurso - Foto: Isac Nóbrega/PR

Sem citar as mais de 400 mil mortes em decorrência da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lamentou, nesta quinta-feira (29/4), a triste marca atingida pelo país no momento mais crítico da pandemia. Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro falou apenas em “um número enorme”.

“Eu falava, sempre falei – tem áudio, tem vídeo meu no passado – que as pessoas mais vulneráveis, as pessoas que têm comorbidades, têm idade, têm excesso de peso, esse pessoal tem que tomar um cuidado especial. Se o vírus pega, complica a situação deles. Lamentamos as mortes, bateu… Chegou um número enorme de mortes agora aqui, né”, declarou o presidente.

A marca de 400 mil óbitos foi atingida apenas um mês após o país alcançar 300 mil óbitos em razão da doença. Especialistas e técnicos do Ministério da Saúde já alertavam que abril seria o pior mês da pandemia do coronavírus.

Na transmissão, Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos que “fecharam tudo” e “destruíram empregos” e os desafiou a criarem um auxílio emergencial de R$ 1.000, “em vez de ficarem “criticando o baixo valor pago pelo governo federal”.

Colapso do sistema de saúde

O avanço rápido da Covid-19 coincide com o colapso do sistema de saúde registrado em vários estados do país.

Nas últimas semanas, faltaram leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e até medicamentos básicos usados na intubação de pacientes acometidos pela doença.

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem sido apontado como um dos principais responsáveis pela tragédia sanitária.

O chefe do Executivo federal evitou o uso de máscaras e buscou se aglomerar diversas vezes, contrariando recomendações básicas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além disso, especialistas apontam um atraso na distribuição e aplicação da vacina contra a Covid-19.

Atualmente, apenas 14% dos brasileiros receberam a primeira dose de imunizante. Israel, Reino Unidos e Estados Unidos já vacinaram, respectivamente, 62%, 50% e 43% da população.

CPI

Na terça-feira (27/4), o Senado Federal instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá investigar omissões do seu governo no combate à Covid-19.

Os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, além do atual comandante da pasta, o cardiologista Marcelo Queiroga, serão ouvidos na próxima semana.

De acordo com o plano de trabalho apresentado pelo o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), a comissão terá seis linhas gerais de investigação:

  • ações de enfrentamento à pandemia;
  • assistência farmacêutica;
  • estruturas de combate à crise;
  • colapso de saúde no Amazonas;
  • ações de prevenção e atenção à saúde indígena; e
  • emprego de recursos federais.

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