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Regra eleitoral não amplia registro de candidatas nas eleições

Cota de 30% do fundo eleitoral para campanhas femininas não ajudou a impulsionar registros de mulheres neste ano

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Votação paralela em Fortaleza (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
1 de 1 Votação paralela em Fortaleza (Marcelo Camargo/Agência Brasil) - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Maioria do eleitorado brasileiro, as mulheres continuam representando uma parcela minoritária nas eleições de 2018. Mesmo com uma reserva específica de recursos para as campanhas deste ano, o número de candidatas praticamente não se alterou e a proporção oscilou negativamente em relação a 2014. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que há, neste ano, 8,3 mil candidatas, 30,64% do total. Em 2014, eram 8,1 mil, ou 31,1% de todas as candidaturas. Os números ainda serão consolidados pelo TSE até segunda-feira (20/8), mas a tendência deve se manter.

De acordo com as estatísticas, houve pouco impacto na alteração determinada pelo TSE neste ano, de os partidos reservarem uma fatia de 30% do fundo eleitoral (maior parcela de valores destinado para as campanhas eleitorais – R$ 1,7 bilhão – e formado por recursos públicos) e do tempo de propaganda para as candidatas na disputa proporcional.

Um levantamento feito pelo Estadão Dados apontou que elas terão 140% mais recursos do que há quatro anos – em 2014, as legendas repassaram, em média, 12,5% dos recursos disponíveis para suas candidatas a deputado federal e estadual.

Ainda assim, a expectativa entre analistas políticos é ter aumento no número de mulheres eleitas. Antes dessa regra, só havia a definição de que 30% das candidaturas dos partidos deveriam ser preenchidas por mulheres, mas o resultado destas eleições mostrou fortes indícios de as siglas terem feito uso de candidatas laranja, que não concorriam de verdade.

Nas eleições de 2016, por exemplo, o TSE identificou 16 mil candidatos sem voto – 14,4 mil deles eram mulheres. Um levantamento do Movimento Transparência Partidária entre os eleitos nas disputas gerais e municipais de 2008 a 2016 também aponta tendência semelhante. Em 2008, antes da reserva de vagas, 9,5% das candidatas conseguiram se eleger. O índice foi para 5,3% em 2010 e 6,1% em 2012. A proporção caiu para 2,7% em 2014 e, em 2016, o registro foi de 5,7%.

Recursos
Pesquisadores das relações entre gênero e política partidária avaliam que neste ano o maior acesso a recursos de campanha deve influir no sucesso eleitoral de mulheres. “Quando a gente coloca cotas para partidos políticos lançarem mulheres, a tendência é de esses partidos fazerem o mínimo”, disse Hannah Maruci, pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da Universidade de São Paulo (USP). “Agora a gente trata de dinheiro para campanha. Então a expectativa é que aumente o número de eleitas, principalmente no Legislativo.”

A analista faz uma ressalva, no entanto, sobre o uso das verbas do fundo eleitoral destinadas às candidaturas femininas pelas legendas. A decisão do TSE, na prática, destinou R$ 515 milhões da reserva de recursos públicos para candidatas em 2018. No entanto, não necessariamente a verba será usada de maneira equânime para as participantes e nem está claro como os partidos podem repartir esses recursos. “Alguns partidos não têm claro que destino darão a esse dinheiro”, observa Hannah Maruci.

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