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“Quem tem medo de auditar as urnas?”, questiona Bolsonaro

Presidente voltou a colocar em xeque lisura da urna eletrônica, justificando que é passível de fraude aos “maus intencionados”

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Agenda do Presidente Jair Bolsonaro durante Cerimônia de anuncio Caixa Patrocínio ao Esporte Brasileiro
1 de 1 Agenda do Presidente Jair Bolsonaro durante Cerimônia de anuncio Caixa Patrocínio ao Esporte Brasileiro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a questionar, nesta segunda-feira (12/7), a lisura da urna eletrônica. Em um post no Facebook acompanhado de uma reportagem da Band de 2010, ele escreveu:

“Urna eletrônica: a fraude nasceu para todos os maus intencionados. Quem tem medo de auditar as urnas? Os que querem eleições limpas ou aqueles que não têm compromisso com a democracia?”

O chefe do Palácio do Planalto tem colocado o voto impresso como condição para legitimar o sistema eleitoral. O atual sistema – pelo qual o líder do Executivo nacional foi eleito para consecutivos mandatos como deputado federal e para presidente da República, em 2018, – tem urnas eletrônicas sem impressão dos votos e, segundo Bolsonaro, permite fraudes.

Voto impresso

Em junho, presidentes de 11 partidos se posicionaram contra a implementação do voto impresso. O modelo auditável é defendido por Bolsonaro, que prega que o atual sistema eleitoral, com urnas eletrônicas sem a impressão dos votos, permite fraude.

Recentemente, em entrevista à GloboNews, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que a proposta tem como objetivo “questionar” as eleições de 2022.

“Eu não tenho nenhum constrangimento em dizer que eu estou muito preocupado, e a minha experiência me diz que: o cheiro não é bom. […] Então, vamos trabalhar para que aqueles que, eventualmente, venham a estar armando para questionar as eleições, para criar tumulto, não sejam bem-sucedidos nos seus objetivos”, declarou Kassab.

A Câmara dos Deputados discute uma proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre o voto impresso. O texto, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), estipula a inclusão de um artigo na Constituição Federal para que, “na votação e durante a apuração de eleições, plebiscitos e referendos, seja obrigatória a expedição de cédulas físicas, conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas em urnas indevassáveis, para fins de auditoria”.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem escalado a retórica contra o atual sistema eleitoral. Na quarta-feira (7/7), o chefe do Executivo federal afirmou que o seu lado “pode não aceitar o resultado” das eleições do próximo ano.

“Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se esse método continuar aí, sem inclusive a contagem pública, eles vão ter problema, porque algum lado pode não aceitar o resultado. Esse lado obviamente é o nosso lado, que pode não aceitar esse resultado. Nós queremos transparência. […] Havendo problemas, vamos recontar”, disse, em entrevista.

Na semana anterior, ele afirmou que só passará a faixa presidencial se o voto for impresso. “Eu entrego a faixa presidencial para qualquer um que ganhar de mim na urna de forma limpa. Na fraude, não” declarou durante transmissão ao vivo nas redes sociais, em 1º de julho.

Em maio, Bolsonaro subiu o tom e afirmou que, caso o voto impresso não seja implementado no pleito do próximo ano, “é sinal de que não vai ter eleição”.

“A única republiqueta do mundo é a nossa, que aceita essa porcaria desse voto eletrônico. Isso tem que ser mudado. E digo mais, se o Parlamento brasileiro […] aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto-final. Não vou nem falar mais nada. Porque, se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição. Acho que o recado está dado”, afirmou.

Legislativo e Judiciário reagiram

Em reação, os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, saíram em defesa do sistema eleitoral e asseguraram a realização do pleito no próximo ano.

Pacheco disse na sexta-feira (9/7), em entrevista coletiva à imprensa, que não aceitará retrocessos contra a democracia do país e que quem agir nessa direção será considerado inimigo da nação.

Barroso afirmou que qualquer tentativa de impedir a realização de eleições em 2022 “configura crime de responsabilidade”.

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