PSDB sobre almoço de FHC e Lula: não faz bem a candidato do partido
Presidente nacional do partido, Bruno Araújo, ressaltou, porém, que o encontro “ajuda a derrotar Bolsonaro”
atualizado
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O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, emitiu nota, nesta sexta-feira (21/5), comentando o almoço entre os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula. Os dois se encontraram a convite do ex-ministro Nelson Jobim, que trabalhou nos governos dos dois líderes.
Na avaliação do comandante da sigla, “esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB”. Ele, porém, pondera: “Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos”.
Araújo voltou a dizer que “o partido segue firme na construção de uma candidatura”. De acordo com o tucano, o nome lançado pelo partido em 2022 será construído “distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira”.
“Depois de o petismo rotular o seu governo de herança maldita’, parece mais que estão em busca de votos do que um reconhecimento da gestão de FHC”, concluiu na nota.
No início da tarde desta sexta, o próprio Fernando Henrique foi ao Twitter para tentar evitar que se instalasse um mal-estar no partido sobre o encontro:
Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) May 21, 2021
Almoço
Lula e FHC se encontraram na casa de Jobim em São Paulo, no último dia 12 de maio, mas a informação só foi revelada nesta sexta (21/5). As imagens foram publicadas nas redes sociais de Lula.
Jobim foi ministro da Justiça no primeiro mandato de FHC entre 1995 e 1997, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e titular da Defesa nos governos Lula e Dilma, entre 2007 e 2011. “A convite do ex-ministro Nelson Jobim, o ex-presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reuniram para um almoço com muita democracia no cardápio”, publicou a página oficial de Lula no Twitter.
Em outra publicação, o perfil do petista informou que os ex-presidentes, que são antigos adversários políticos, tiveram uma “longa conversa sobre o Brasil”. Críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia de Covid-19 também foram pauta da conversa.
Elogios
Na última quarta-feira (19/5), Lula elogiou o antigo adversário e disse que ambos “sempre tiveram uma disputa civilizada”. Os comentários foram feitos após FHC afirmar, em entrevista ao programa Conversa Com Bial, na dia anterior, terça-feira (18/5), que votaria no petista em uma disputa contra Jair Bolsonaro.
A troca de afagos, portanto, começou seis dias depois do encontro entre os dois ex-presidentes.
Fernando Henrique chamou Lula de “sagaz” e “rápido”. “Desde que o conheci, fiquei admirado com a capacidade que ele tinha. Ele percebe na hora, e ele muda na hora também”, completou FHC.
Na resposta ao elogio, o petista avaliou FHC como um “intelectual” e disse que também votaria no político em uma disputa contra Bolsonaro. “Ele me conhece bem, conhece o Bolsonaro. Fico feliz que ele tenha dito que votaria em mim e eu faria o mesmo se fosse o contrário. Ele sempre foi um intelectual e sabe que não dá pra inventar uma candidatura”.
Jobim transita muito bem entre partidos de todas as vertentes e, como ex-ministro da Defesa, tem ótima interlocução com militares. Ex-deputado federal constituinte pelo então PMDB (hoje MDB), o jurista hoje é presidente do Conselho de Administração do banco BTG Pactual.
Desde que deixou o governo Lula, tem sido insistentemente procurado para se candidatar novamente – foi sondado inclusive para se candidatar ao Planalto.