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Pastor divide religiosos ao pedir apoio a partido de Bolsonaro

Igreja Presbiteriana Unida condena o pedido alegando que evangélicos são usados como “massa de manobra” pelo governo

atualizado

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1 de 1 emerson1 - Foto: Reprodução/Youtube

O pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, reverendo Emerson Patriota, usou a pregação durante um culto na cidade de Londrina no Paraná para “desafiar” os fiéis a assinarem uma ficha de apoio à criação do Aliança pelo Brasil, partido idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O pedido ocorreu no último domingo (26/01/2020). Enquanto dava os avisos sobre as atividades da igreja no culto, o pastor anunciou a presença dos funcionários do cartório. “Nós estamos desafiando você, todos, a passarem lá, conhecerem o estatuto, os valores”, disse o reverendo aos fiéis que acompanhavam o culto.

Um vídeo com parte da pregação foi divulgada nas redes sociais.

“Na verdade, eu estava conversando com algumas pessoas e disseram que é mais difícil entrar nesse partido do que em algumas igrejas por aí. Tem que ter mais vida idônea do que algumas igrejas exigem. Isso é muito bom porque tem valores familiares”, defendeu o pastor.

A atitude do reverendo Emerson Patriota, no entanto, não é unânime entre os evangélicos e tem causado repulsa entre lideranças religiosas que não querem ser consideradas “farinha do mesmo saco” por serem evangélicas.

“Muitas igrejas, desde a campanha, têm polarizado no campo evangélico. A atitude desse pastor é lamentável porque essas igrejas têm servidos de massa de manobra do governo”, observou a presbítera Anita Sue Wright, que representa a Igreja Presbiteriana Unida no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), que reúne a Aliança de Batistas do Brasil, as Igrejas Católica Apostólica Romana (Icar), Episcopal Anglicana do Brasil (Ieab), Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Presbiteriana Unida (IPU) e Sirian Ortodoxa de Antioquia (Isoa).

Anita Sue Wright faz parte da Igreja Presbiteriana Unida, uma dissidência da Igreja Presbiteriana do Brasil surgida durante o período de repressão da ditadura militar. “Na época, como o Estado perseguia pastores com o pensamento mais progressista, os mais conservadores também passaram a fazer este serviço dentro da igreja”, detalhou.

O reverendo Emerson Patriota foi quem pediu, do púlpito, para os membros da congregação colocarem o nome na lista que será entregue à Justiça Eleitoral. Representantes de um cartório da cidade estavam no local para reconhecer as assinaturas.

Para conseguir registrar o partido, Bolsonaro precisa de aproximadamente 492 mil assinaturas. O movimento na Presbiteriana de Londrina foi articulado pelo deputado Filipe Barros (PSL-PR), aliado do presidente e integrante da igreja, com a direção da instituição.

De acordo com reportagem publicada pelo Estadão, Barros disse que “centenas” de assinaturas foram recolhidas no local. Do lado de fora, o grupo colocou um ônibus estampado com a marca do Aliança e as fotos de Jair Bolsonaro e Filipe Barros.

O Aliança precisa ser homologado até 4 de abril para concorrer nas eleições municipais de 2020. Articuladores admitem que o partido pode não estar formalizado a tempo do pleito de outubro. O culto foi transmitido pelas redes sociais. No YouTube, internautas começaram a fazer comentários criticando a igreja. Nessa terça-feira (28/01/2020), o vídeo já não estava mais disponível. Procurada, a instituição ainda não se manifestou.

Especialistas dizem que coletar assinaturas em igrejas para criar um partido político não é ilegal. A restrição só ocorre em período de campanha eleitoral, quando candidatos não podem pedir votos em locais classificadas como “bens públicos”.

“Se não houver constrangimento para que as pessoas assinem, não há ilegalidade. Neste caso, está dentro do espaço da confissão e não há problema”, afirmou o ex-procurador regional eleitoral de São Paulo Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.

Um integrante da cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) ouvido reservadamente comentou que não simpatiza “com esse uso da liberdade”, mas enfatizou que não há proibição legal.

“No Brasil, é plenamente possível que os movimentos religiosos, como grupo de interesse, se organizem e apoiem a criação de partidos políticos que reverberem sua pauta de interesses e valores”, afirmou a professora Maria Cláudia Bucchianeri, especialista em Direito Eleitoral do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). (Com informações de O Estado de S.Paulo)

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