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Moro culpa “erro judiciário do STF” por condenação na ONU no caso Lula

Organização considerou que a condenação de Lula em 2017 pelo ex-juiz foi injusta, porque o julgamento se deu de forma parcial

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Após filiação ao União Brasil Sérgio Moro faz um pronunciamento no Hotel Intercontinental, em São Paulo. Ele fala diante de microfones e usa terno - Metrópoles
1 de 1 Após filiação ao União Brasil Sérgio Moro faz um pronunciamento no Hotel Intercontinental, em São Paulo. Ele fala diante de microfones e usa terno - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) se manifestou nesta quinta-feira (28/4) sobre relatório do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) que considerou a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2017, injusta, sob o argumento de que o julgamento foi parcial.

Para Moro, o órgão da ONU foi influenciado por um “grande erro judiciário” do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as sentenças do ex-presidente Lula e declarou Moro parcial no julgamento do triplex no Guarujá.

“Considero a decisão do STF um grande erro judiciário e que infelizmente influenciou indevidamente o Comitê da ONU”, disse Moro, por meio de nota (leia a íntegra abaixo). Em julho de 2017, o então juiz condenou o petista a 9 anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.

“De todo modo, nem mesmo o Comitê nega a corrupção na Petrobras ou afirma a inocência de Lula. Vale destacar que a condenação do ex-presidente Lula foi referendada por três instâncias do Judiciário e passou pelo crivo de nove magistrados”, prossegue Moro.

O ex-magistrado ainda nega qualquer tipo de perseguição ao petista e defende que sua atuação foi “legítima na aplicação da lei, no combate à corrupção”.

O comitê também considerou que os direitos políticos de Lula foram ilegalmente violados quando ele foi impedido de se candidatar à Presidência em 2018 por força da Lei da Ficha Limpa, já que a sentença de Moro havia sido confirmada em segunda instância.

Em 2018, o órgão da ONU já havia pedido ao Brasil que não tirasse Lula da disputa. O ex-mandatário petista liderava as pesquisas de intenção de voto até ser impedido de concorrer. Quando Lula foi substituído na cabeça de chapa pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o candidato Jair Bolsonaro (então no PSL) começou a liderar os levantamentos e confirmou o favoritismo ao vencer a eleição.

A decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) foi revelada pelo colunista Jamil Chade, do UOL, que é correspondente do veículo na Suíça, onde fica a sede da ONU.

Leia a íntegra da nota de Moro:

NOTA DE SERGIO MORO SOBRE RELATÓRIO DE COMITÊ DA ONU

Após conhecer o teor do relatório de um Comitê da ONU e não dos órgãos centrais das Nações Unidas, pode-se perceber que suas conclusões foram extraídas da decisão do Supremo Tribunal Federal do ano passado, da 2ª turma da Corte, que anulou as condenações do ex-Presidente Lula. Considero a decisão do STF um grande erro judiciário e que infelizmente influenciou indevidamente o Comitê da ONU. De todo modo, nem mesmo o Comitê nega a corrupção na Petrobras ou afirma a inocência de Lula. Vale destacar que a condenação do ex-presidente Lula foi referendada por três instâncias do Judiciário e passou pelo crivo de nove magistrados. Também é possível constatar, no relatório do Comitê da ONU, robustos votos vencidos que não deixam dúvidas de que a minha atuação foi legítima na aplicação da lei, no combate à corrupção e que não houve qualquer tipo de perseguição política.

“Receba”

No fim da tarde, Moro usou o Twitter para comentar o relatório, e afirmou que “Lula não foi inocentado nem pelo STF e nem por esse comitê da ONU”.

“Lula não foi inocentado nem pelo STF e nem por esse comitê da ONU. O Mensalão do PT existiu. Fato. A roubalheira na Petrobras também, todo mundo sabe”, escreveu. “Então, não adianta dissimular. É como diz aquele rapaz: receba!”.

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