Mandetta rebate Bolsonaro e nega divergir da classe médica sobre Revalida
Ex-ministro foi alvo de insinuações de Bolsonaro, que apontou divergências sobre a cloroquina e sobre veto a prova de validação de diploma
atualizado
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O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta negou ter havido qualquer divergência ou constrangimento entre ele e a classe médica em relação à ampliação do Revalida (prova para validar diplomas de médicos formados no exterior).
Na manhã desta segunda-feira (24/08), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a uma plateia de médicos, no Palácio do Planalto, que a orientação do ministro, em 2019, era para que ele sancionasse a medida para que instituições particulares pudessem aplicar o exame.
O presidente disse que estava na presença de Mandetta e de representantes da Associação Médica Brasileira (AMB) e que percebeu o constrangimento do médico na presença do então ministro da Saúde ao expor sua posição contrária à proposta.
Mandetta, por sua vez, rebateu o presidente. “Não sei em que circunstância ele está falando isso aí. Eu me lembro que isso foi votado pelo parlamento. Chegou o dia do veto, eu que levei lá o representante, que nem era da AMB. Eu levei o presidente do Conselho Federal de Medina (CFM), Mauro Ribeiro. Aí ele perguntou: ‘Vocês querem que vete ou não vete? O Mauro respondeu: ‘Se puder vetar, veta'”, contou o ex-ministro.
De acordo com Mandetta, o texto sobre o Revalida foi debatido no âmbito da Medida Provisória que instituiu o programa Médicos pelo Brasil.
“Nunca houve nenhuma divergência minha com os médicos em relação a isso. Eu coordenei essa discussão com os médicos durante os oito anos em que fui deputado federal”, explicou.
Cloroquina
Bolsonaro voltou a expor suas divergências com o ex-ministro em relação à indicação da hidroxicloroquina e se mostrou irritado com o fato de o ex-ministro ter respondido com um lema que costumava usar: “Foco, ciência e vida”.
Mandetta disse que seu posicionamento foi de que não deveria propor como uma política de Estado o uso de uma medicação, cuja comprovação científica não existia.
“O que eu achava é que não poderia ser uma política de governo, que ela ficasse a critério do médico. Se tivesse evidência científica sólida, que recomendasse o uso, para mim, qualquer medicamento é válido”.
“Isso aí é comum em epidemia. Sempre chega alguém dizendo que tem a solução. Primeiro foi a hidroxicloroquina, depois a ivermectina, tomaram bastante. Toda hora é um medicamento. Agora, se você vai tomar isso como uma medida de Estado…”, prosseguiu.