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Governistas só conseguem aprovar 27% dos pedidos na CPI da Covid

Aliados do governo Bolsonaro tentam afastar foco da investigação do presidente, mas sofrem para aprovar requerimentos

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, caminha pelo Senado de máscara. Ele olha para o lado e ao fundo sem veem jornalistas - Metrópoles
1 de 1 O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, caminha pelo Senado de máscara. Ele olha para o lado e ao fundo sem veem jornalistas - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A base aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 não tem tido vida fácil ao tentar desviar o foco investigativo das inações do governo federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Minoria no colegiado, os senadores governistas travam uma verdadeira batalha para conseguir aprovar requerimentos de informação e convocação, que têm como alvos principais estados e municípios.

Segundo levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, apenas 27% dos pedidos de informação e convocação de testemunhas editados pelos governistas foram aprovados pelo colegiado. Foram 63 requerimentos de um total de 230 pedidos que haviam sido pautados e aprovados até a última quinta-feira (13/5).

Em contrapartida, o G7 – grupo composto por senadores independentes e opositores ao governo – foi responsável pela aprovação de mais da metade dos requerimentos: 122 dos 230 aprovados. A maioria opositora ao Executivo conta com apoio do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM); do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), além do relator Renan Calheiros (MDB-AL). Os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Humberto Costa (PT-PE) fecham a lista.

Dos senadores governistas, apenas o líder do Centrão, senador Ciro Nogueira (PP-PI), tem percentual de aprovação de requerimentos acima de 50%. Ele conseguiu que sete dos seus 12 pedidos de informação e convocação apresentados fossem aprovados.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) está entre os parlamentares que mais tiveram êxito nas solicitações. Ele conseguiu que a comissão aprovasse 42 de seus 85 pedidos – 49,4% de aprovação. O parlamentar é o autor do requerimento que permitiu ao colegiado investigar irregularidades nos repasses de verbas federais a estados e municípios

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e o vice-líder, senador Jorginho Mello (PL-SC), ainda não conseguiram que nenhum de seus requerimentos fossem sequer colocados em pauta. A dupla é autora de oito solicitações.

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Protagonistas

Nenhum outro senador teve mais requerimentos aprovados do que Renan Calheiros. O relator da CPI teve 93% dos pedidos de informação e convocação apreciados e aceitos pela maioria do colegiado. Apenas dois de seus 29 pedidos não foram aprovados. Logo atrás está o vice-presidente da CPI e autor do pedido que levou à instalação da comissão, Randolfe Rodrigues, que detém 81,5% de sucesso (53 de 65 apresentados).

O protagonismo de Renan não está apenas nos números. O relator da CPI é, também, o principal alvo de críticas da base aliada ao governo e do próprio presidente Jair Bolsonaro. Antes da definição de quem presidiria a comissão, governistas foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar a indicação do emedebista à relatoria. A investida, contudo, não surtiu efeito.

É justamente por ser o relator que o parlamentar está entre os senadores que mais fez uso da palavra durante os depoimentos. O regimento não limita o tempo da relatoria para realizar questionamentos aos depoentes, enquanto os demais senadores possuem 15 minutos para perguntar e serem respondidos.

Qual assunto mais interessa a CPI?

A reportagem também separou, por tema, as solicitações apresentadas até esta semana, tendo sido o assunto central do questionamento requisitado pelo senador o critério para análise.

A maioria dos pedidos (244 de 538) são de convocações de especialistas, testemunhas, membros do governo e autoridades. Apesar do alto número de convocações apresentados, apenas 38 já receberam aval positivo do colegiado.

Os números mostram, porém, uma vitória da base aliada do governo, que conseguiu a aprovação de 45 dos 47 requerimentos de informação endereçados aos estados e municípios. Houve apenas um pedido rejeitado.

Após convites, convocações e estados e municípios, o assunto mais requisitado pelos parlamentares diz respeito a aquisições de vacinas contra Covid-19 e informações sobre a imunização da população. Foram 30 requerimentos redigidos.

Tema que provoca debates acalorados e bate-bocas entre opositores e aliados de Bolsonaro, o chamado tratamento precoce da Covid-19 e a cloroquina foram assuntos provocados em, pelo menos, 14 manifestações.

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