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Documento aponta que Saúde sabia da falta de oxigênio em Manaus

Ex-ministro Eduardo Pazuello negou, em depoimento à CPI da Covid, que a pasta tenha recebido ofertas de ajuda humanitária

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Pazuello na CPI da Covid
1 de 1 Pazuello na CPI da Covid - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em documento do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Antônio Élcio Filho, o governo brasileiro confirmou ter ciência da falta de oxigênio que provocou um colapso na rede de saúde de Manaus (AM). O texto aponta, inclusive, que o Brasil negouo  envio de avião para buscar oxigênio hospitalar nos Estados Unidos.

O documento aponta que, em 18 de janeiro, a pasta recebeu um ofício do Ministério das Relações Exteriores notificando que a Embaixada do Brasil em Washington (EUA) foi instruída a fazer gestões junto às autoridades norte-americanas no sentido de solicitar ao governo do país, em caráter de assistência humanitária ao Brasil, o aporte, por via área, de oxigênio hospitalar.

Esse transporte, contudo, teria sido negado pelo ministério. “O governo norte-americano, em 26 de janeiro, informou por nota diplomática que não poderia fornecer o oxigênio solicitado, mas que, caso o governo brasileiro estivesse disposto a empenhar recursos para tanto, poderia alugar avião para transportar oxigênio”. Não houve importação do insumo.

Ainda de acordo com a nota técnica, nos dias 20 e 22 de janeiro de 2021 o ministério recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) cotações para frete de transporte aéreo de tanques de oxigênio hospitalar para Manaus. As cotações, conforme o texto, foram solicitadas pela própria pasta.

No entanto, o transporte não foi possível porque, de acordo com o ministério, “as aeronaves não estavam aptas a transportar oxigênio líquido por conta da impossibilidade de despressurizar a cabine”.

Ministro confrontado

O documento foi mostrado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) aos senadores que integram a CPI da Covid. Ela confrontou o ex-ministro Eduardo Pazuello sobre as contradições de seu depoimento.

“O senhor já mentiu demais nesta comissão, mas muito mesmo. Eu não tenho nem tempo para elencar aqui todas as mentiras. Por exemplo, vossa excelência acaba de falar que não teve informações acerca do avião cargueiro. Está aqui uma documentação que foi feita pelo próprio Ministério da Saúde(…) e fala aqui claramente porque não atendeu a um pedido”, disse.

Antes, Pazuello tinha negado que a pasta teria recebido ofertas de ajuda humanitária. “Nunca me chegou esta oferta para que eu a aceitasse ou não: ‘Você aceita ou não?’. Quando eu soube que estava sendo discutido o avião americano, é claro que eu queria o avião americano”, afirmou.

“Não chegou para o Ministério da Saúde. Eu tenho a informação: isto é só um dado. Eu não tenho como confirmá-la de que a oferta nunca foi de doação de avião para nós, porque, obviamente, aquilo teria que ser contratado de alguma forma oficial. Eu não tenho esse dado para lhe garantir. Agora, dependendo de nós, eu queria avião de qualquer lugar”, completou.

CPI da Covid

O colapso sanitário na capital amazonense foi alvo de questionamentos de senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ao ex-ministro Eduardo Pazuello. As contradições do general irritaram parte dos senadores do colegiado. 

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Pazuello é o oitavo depoente do colegiado. Antes deles, os senadores ouviram os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.

O ex-chanceler Ernesto Araújo, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, também prestaram depoimento.

A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.

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