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Desempenho de Bolsonaro nas redes piora, aponta levantamento

Com polêmicas envolvendo Moro, Alvim e voo da FAB, comentários negativos se aproximam dos favoráveis

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro
1 de 1 Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em meio a crises envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ex-secretário nacional da Cultura Roberto Alvim e a demissão de um auxiliar por uso de um jato da Força Aérea Brasileira (FAB), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viu o desempenho nas redes sociais piorar em janeiro.

Monitoramento da imagem do presidente realizado pela empresa AP Exata, ao qual o Estado teve acesso, aponta tendência de queda na popularidade de Bolsonaro no mundo virtual nos primeiros dias do ano.

No mês passado, os comentários negativos sobre o governo se aproximaram dos favoráveis no Twitter. Foram 14 dias de menções majoritariamente críticas ante 16 dias em que os apoios dominaram as redes. Em um dia, as publicações favoráveis e contrárias ficaram no mesmo nível.

No início deste mês, o monitoramento indica que o mau humor em relação ao governo deve seguir avançando nas redes sociais. Até domingo, foram seis dias negativos, dois neutros e um positivo.

Na avaliação dos analistas da empresa, esses números apontam uma propensão a uma mudança de comportamento na internet em relação a 2019.

“Bolsonaro está perdendo o controle narrativo nas redes. Em janeiro de 2019, ele não tinha esse domínio por causa da polarização eleitoral e da revelação do caso [Fabrício] Queiroz [ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro suspeito de prática de rachadinha]. Depois, ele conseguiu impor suas narrativas e estabilizou, mas agora começa a perder essa capacidade novamente”, afirmou o diretor da AP Exata, Sergio Denicoli.

O primeiro ano do governo Bolsonaro foi marcado por amplo apoio nas redes. Segundo os dados da AP Exata, as menções em favor ao presidente em 2019 foram majoritárias em 246 dias. Já os comentários críticos prevaleceram em 79 dias. Os neutros, em 39 dias.

Para Denicoli, o eleitorado de Bolsonaro não demonstra neste ano a mesma disposição para fazer a defesa do presidente. “O silêncio prejudica Bolsonaro. Para ele, é importante que as pessoas se manifestem a favor dele, mas são posicionamentos tão fortes [feitos pelo presidente] que as pessoas começam a ficar mais receosas. É difícil manter este grau de militância durante quatro anos.”

Trump
Segundo da AP Exata, 3 de janeiro deste ano foi o dia que mais rendeu comentários negativos contra Bolsonaro desde a posse. Um dia após o ataque dos EUA no Iraque que matou o general iraniano Qassim Suleimani, internautas que temiam o alinhamento do Brasil com os americanos criaram a hashtag #BolsonaroFicaCalado.

Nos dias seguintes, a crise seguiu aumentando o mau humor da internet com Bolsonaro. Outro pico de críticas se deu no dia 8 de janeiro, quando o presidente fez uma transmissão ao vivo para acompanhar fala do presidente americano Donald Trump.

A demissão do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim, após vídeo com referência ao nazismo, em 17 de janeiro, também fez subir as menções negativas. No dia seguinte, os comentários críticos seguiram quando o Ministério da Educação admitiu erro na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Bolsonaro só conseguiu reverter a queda na segunda-feira seguinte, 20, quando se encontrou com a atriz Regina Duarte e formalizou o convite para ela assumir a Cultura.

Mas depois enfrentou nova crise ao entrar em choque com Sergio Moro. Segundo a AP Exata, nessa situação, a maioria dos apoiadores adotou o silêncio, deixando o presidente apanhar sozinho dos críticos por ameaça de retirar de Moro a gestão da segurança pública.

Procurado, o Palácio do Planalto informou que não vai comentar.

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