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Denunciado por assédio, Carlos Melles é reeleito presidente do Sebrae

Gravações mostram Carlos Melles, presidente do Sebrae, chamando funcionárias de “bicuda”, “tagalera” e “mole”

atualizado

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Imagem: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Presidente do Sebrae, Carlos Melles
1 de 1 Presidente do Sebrae, Carlos Melles - Foto: Imagem: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O ex-deputado federal Carlos Melles (foto em destaque) foi reeleito nesta terça-feira (29/11) presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O mandato é de quatro anos.

A definição ocorreu em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Nacional (CDN), no B Hotel, em Brasília.

José Zeferino Pedrozo foi eleito presidente do CDN, que detém o poder originário e soberano do Sebrae e funciona como sua assembléia geral. Ele substituirá José Roberto Tadros, atual presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Assédio

Reeleito na presidência, Melles é acusado de assédio moral contra funcionários do órgão. A ouvidoria do Sebrae afirmou ao Metrópoles que o Conselho Deliberativo Nacional (CDN) do órgão apura as denúncias.

Melles foi alvo de denúncias a poucos dias da eleição para a presidência do Conselho Deliberativo da entidade. Ele aparece em vídeo proferindo xingamentos, ofensas e intimidações contra servidores durante reuniões do Sebrae. Melles nega as acusações e afirma que as imagens foram “editadas” e “descontextualizadas”.

Nas gravações, Melles desrespeita funcionários – em sua maioria, mulheres. Ele chama as supostas vítimas de “bicuda”, “tagarela”, “mole” e “teimosa”, dentre outros adjetivos. Em uma das situações, o presidente do Sebrae classifica uma profissional de “advogada mais ou menos”.

As reuniões ocorrem por meio de videochamadas em aplicativos. Melles sabia que estava sendo filmado. Inclusive, chegou a ser alertado por uma das pessoas, conforme as gravações.

“Pseudodenúncias”

Em nota ao Metrópoles, Melles chama as acusações de “pseudodenúncias” e diz que elas “não têm qualquer amparo na realidade”. “As notas e os vídeos apócrifos foram feitos de forma covarde, uma vez que os autores não assumem de público suas acusações. O material traz trechos minuciosamente editados, totalmente descontextualizados, para construir uma narrativa baseada na mentira”, afirma.

O ex-deputado federal argumenta que os “momentos de pressão” vividos ao longo dos quatros em que está à frente da instituição “não permitem insinuações fraudulentas”. A entidade teve receita de R$ 5 bilhões em 2022.

“Das mais de centenas reuniões on-line que conduzi para permitir a tomada de decisão em situações de crise, os trechos editados não refletem a minha rotina; ao contrário”, diz.

Questionada pela reportagem do Metrópoles, a Ouvidoria do Sebrae informou ter instaurado, no dia 21 de novembro deste ano, procedimento interno para “conhecer, de modo aprofundado e contextualizado, os assuntos ali narrados”. O órgão frisou ter tomado conhecimento da denúncia dois dias antes, em 19 de novembro.

Adiamento

O vice-presidente recém-eleito, Geraldo Alckmin (PSB), chegou a pedir que o processo eleitoral do Sebrae fosse adiado para fevereiro de 2023.

A instituição afirmou, porém, que a alteração violaria “normas sistêmicas” do Sistema Sebrae – segundo a entidade, as eleições de membros da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal devem ser feitas entre os dias 16 de novembro e 15 de dezembro.

“O pretendido adiamento representa, a bem da verdade, verdadeiro risco à coesão e à atuação do Sebrae voltada à consecução de seus objetivos institucionais, tendo em vista, sobretudo, a conclusão do processo eleitoral em 17 Sebraes das unidades da Federação até o presente momento”, argumenta o ofício, assinado pelo vice-presidente em exercício do Conselho Deliberativo Nacional, José Zeferino Pedrozo.

A resposta ressalta, ainda, que o Sebrae, na condição de “serviço social autônomo”, “é regido por normas estatutárias próprias, que orientam a organização e a operação da unidade nacional coordenadora e das unidades operacionais a ela subordinadas”.

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