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Declarações de Bolsonaro geram preocupação no Planalto

Em reunião, auxiliares avaliam diminuir a exposição de presidente. Monitoramento das redes sociais mostra crescimento de reações negativas

atualizado

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A sequência de declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nos últimos dias gerou apreensão em alguns de seus auxiliares mais próximos e motivou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto na manhã dessa terça-feira (30/07/2019). Na avaliação do grupo, que inclui integrantes da ala militar do governo, o presidente elevou em demasia o tom das falas, o que vem prejudicando a gestão.

Enquanto Bolsonaro provoca com declarações desencontradas sobre a morte do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, na ditadura militar, põe em dúvida relato de indígenas acerca de ataque de garimpeiros no Amapá e evita lamentar o massacre em Altamira, o governo perde a chance de divulgar pautas positivas, de acordo com integrantes desse grupo.

Nessa terça (30/07/2019), Bolsonaro voltou a causar polêmica ao questionar a veracidade de documentos oficiais que apontam a morte de Fernando de Santa Cruz, pai de Felipe, como vítima da ditadura. “A questão de 1964, não existem documentos se matou, não matou, isso aí é balela”, disse.

De acordo com uma fonte a par da conversa, “coisas boas”, como a liberação do FGTS ou a descoberta do hacker que invadiu o celular de autoridades, acabam “se perdendo em polêmicas” diante do “destempero” presidencial.

Uma das razões da reunião foi justamente tentar entender o que está por trás do comportamento de Bolsonaro. Muitos deles admitem que têm sido pegos de surpresa pelas declarações controversas do presidente.

Dois diagnósticos foram feitos. O primeiro é que a equipe presidencial errou ao deixar Bolsonaro muito exposto a jornalistas durante eventos nos últimos dias. A intenção é reduzir parte das interações, limitando, assim, as oportunidades de ele alimentar novas polêmicas.

A segunda avaliação é a de que integrantes da chamada ala ideológica têm conseguido influenciar o presidente de forma mais assertiva. Não está claro para o grupo quem são os mais “ativos” nessa empreitada, embora “suspeitas” recaiam sobre aliados encarregados da comunicação digital, área de influência de Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).

Uma das leituras feitas é de que essa tentativa de inflamar o discurso do presidente decorre da chegada ao Planalto de assessores batizados internamente de “agentes contemporizadores”: Jorge Oliveira, ministro da Secretaria-Geral da Presidência; Fabio Wajngarten, chefe da Secretaria de Comunicação; e o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.

O trio adota discurso moderado e tenta fazer ponte com a imprensa. Ramos tem histórico de bom relacionamento com jornalistas e Wajngarten teve encontro recente com a cúpula das Organizações Globo.

Um auxiliar presidencial lembra que, apesar do aparente “arroubo”, as declarações feitas por Bolsonaro constam do repertório. O ex-deputado é conhecido por defender o período militar e a tortura contra militantes de esquerda.

Segundo alguns desses aliados, Bolsonaro moderou o tom durante semanas cruciais para a tramitação da reforma da Previdência justamente atendendo a pedido de aliados. Durante o recesso parlamentar, no entanto, ele voltou às polêmicas.

Além de “blindar” Bolsonaro do contato com a imprensa, o grupo acredita que o retorno do filho mais velho ao Brasil, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), possa ajudar a amainar os ânimos. Ele tem um perfil mais moderado em relação aos irmãos e já foi comunicado sobre a crise.

Repercussão
Além de ofuscar feitos do governo, a nova crise alarmou ministros pelo potencial desgaste na imagem do presidente. Desde o anúncio sobre a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à Embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, a militância pró-governo tem encontrado dificuldade para reverter aumento de menções negativas nas redes sociais de Bolsonaro, avaliou Sergio Denicoli, diretor da AP/Exata, especializada em monitoramento das redes.

A repercussão negativa sobre a fala que trata da morte do pai do presidente da OAB entrará no terceiro dia consecutivo, segundo análise. “A própria militância dele não conseguiu defender o que foi dito, mas defende a sinceridade do presidente”, disse Denicoli.

Apesar do aumento dos dias de crises, o diretor da empresa afirmou que Bolsonaro ainda tem ampla maioria de apoiadores nas redes sociais. “Está longe de perder a popularidade.”

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