Debandada na Economia tem repercussão negativa no Congresso

As demissões ocorrem em meio às tentativas do governo Jair Bolsonaro de driblar o teto de gastos

atualizado 21/10/2021 19:43

Lambe-Lambe com a imagem do Ministro da Economia Paulo Guedes em uma cédula de US$ 9,55 milhões é visto na Avenida Faria Lima, zona sul de São Paulo Fábio Vieira/Metrópoles

O pedido de demissão de quatro secretários de Paulo Guedes, no Ministério da Economia, repercutiu de forma negativa nesta quinta-feira (21/10) no Congresso. A notícia foi divulgada pela pasta durante a tarde.

Pediram demissão o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, a secretária especial-adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.

Os quatro informaram razões pessoais, segundo o ministério. Além deles, também se demitiu do cargo o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho.

As demissões ocorrem em meio à tentativa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de driblar o chamado teto de gastos (regra constitucional que proíbe o crescimento das despesas do governo acima da inflação) e viabilizar um auxílio social de R$ 400 até o fim de 2022, ano em que Bolsonaro tentará a reeleição.

Além disso, nesta quinta-feira, o presidente anunciou que decidiu pagar um auxílio a 750 mil caminhoneiros autônomos para compensar o aumento do diesel. O valor seria de R$ 400 mensais, também até dezembro de 2022.

Crise
Durante a discussão da proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, cujo relatório acolheu a manobra fiscal para romper o limite de despesas, as demissões foram citadas como crise na área econômica.

O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), apontou a falta de convergência da equipe econômica com os anseios eleitorais de Bolsonaro. A falta de rumo, segundo o deputado de oposição, só afeta os mais pobres e beneficia membros do governo.

“Os secretários de Guedes pediram demissão no dia em que a bolsa de valores fechou com queda e o dólar disparou. Não que o dólar disparar seja um problema para o governo, porque o patrimônio de alguns está protegido em dólar no exterior”, ironizou o deputado.

“O governo se beneficia da inflação porque poderá gastar em ano eleitoral. O ministro da Economia se beneficia da alta do dólar, porque seus recursos estão protegidos em offshore”, destacou.

O relator PEC, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), propôs em seu novo parecer uma mudança no período de aferição da inflação que define o teto de gastos, com o objetivo de permitir ao governo gastar mais no ano da eleição, ampliando o valor do novo Bolsa Família para R$ 400.

“Desmonte”

O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), apontou que o país “está se desmoronando”.

“Acabo de ser informado da demissão dessas pessoas sérias, capazes, que cuidam para que o orçamento do Brasil sejam encarados com seriedade pelos investidores nacionais e internacionais”, disse.

“Esses profissionais estão abandonando o barco por uma simples e boa razão: não querem manchar seus currículos por uma político econômica absurdamente errático. O Brasil está desmontando”, destacou o senador.

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