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Com documentos de paraíso fiscal, Lava Jato apura mais crimes de Duque

Ex-diretor de Serviços da Petrobras seria dono de uma offshore com US$ 4,4 milhões em propinas

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
renato duque
1 de 1 renato duque - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com base nos papéis da cooperação internacional com o Principado de Lichtenstein, a força-tarefa da Operação Lava Jato aditou a denúncia contra o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o lobista Guilherme Esteves. Documentos enviados pelas autoridades do paraíso fiscal revelam a titularidade de Esteves de uma offshore que foi utilizada para fazer pagamentos de US$ 4,4 milhões ao ex-agente público. Por ter identificado três transferências entre os investigados por meio de empresas de fachada, a Procuradoria imputou a eles mais três crimes de lavagem de dinheiro.

Nesta denúncia, Esteves já era acusado de sete crimes de lavagem de dinheiro. Com o aditamento, a procuradoria passa a denunciá-lo por cometer o delito 10 vezes. Já Duque, antes livre da acusação de branqueamento de capitais, passa a responder por três crimes

Segundo a denúncia, entre 2011 e 2014, o lobista Guilherme Esteves, na condição de representante comercial da Jurong, junto de outros estaleiros cartelizados, pagaram propinas a agentes da Petrobras, entre eles, o então diretor Renato Duque.

O então diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque e o gerente executivo de Engenharia e Serviços da Petrobras Roberto Gonçalves teriam recebido um sexto, cada, do total das propinas. Um sexto seria dividido entre Pedro José Barusco Filho, Eduardo Costa Vaz Musa e João Carlos de Medeiros Ferraz, à época em que eram diretores da Sete Brasil.

A denúncia ainda dá conta de que dois terços teriam sido destinados ao Partido dos Trabalhadores, com arrecadação por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.

A contabilidade dos pagamentos teria sido realizada por Barusco, em “planilha na qual ele próprio, Renato Duque, João Ferraz e Eduardo Musa eram identificados pelas alcunhas de ‘SAB’, ‘MW’, ‘MARS’ e ‘MZB'”, segundo as investigações.

A Procuradoria apontava Opadale Industries LTD como a empresa de fachada usada Guilherme Esteves para o pagamento de propinas. A conta da offshore é mantida no Banco Valartis Bank em Liechtenstein. Documentação bancária encaminhada pelo principado revelam três transferências da Opadale para a Drenos Corporation, mantida no Banco Cramer & CIE AS, na Suíça, de Renato Duque. Os papéis chegaram em fevereiro de 2017 às mãos dos investigadores brasileiros e, por meio deles, a transação foi identificada.

“Tais transferências, realizadas com o intuito de ocultar e dissimular o repasse de valores ilícitos decorrentes da prática dos crimes de organização criminosa e corrupção, configuram operações de lavagem de dinheiro, aludidas na exordial acusatória e que são agora denunciadas”, afirma a força-tarefa, em aditamento da denúncia.

“Nas datas de 23/05/20132 , 15/08/20133 e 13/12/20134 , Guilherme Esteves de Jesus, na condição de representante comercial e operador do Grupo Jurong, de modo consciente e voluntário, serviu-se de conta mantida em Liechtenstein, em nome da offshore Opdale Industries LTD., da qual era controlador, para remeter, respectivamente, as quantias de US$ 2.168.203,04 (dois milhões, cento e sessenta e oito mil e duzentos e três dólares e quatro centavos), US$ 1.195.063,00 (um milhão, cento e noventa e cinco mil e sessenta e três dólares) e US$ 1.063 675,31 (um milhão, sessenta e três e seiscentos e setenta e cinco dólares e trinta e um centavos) para Renato de Souza Duque, na conta nº 65408333 do Banque Cramer & CIE SA, localizada na Suíça e de titularidade da offshore Drenos Corporation S.A., controlada por Renato de Souza Duque, de forma a, assim, ocultarem e dissimularem a natureza, origem, localização, disposição, movimentação e propriedade de valores provenientes, direta e indiretamente, dos delitos antecedentes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, praticados em detrimento da Petrobras”, detalha a força-tarefa.

De acordo com o Ministério Público Federal, ao analisar os documentos de Liechtenstein, Guilherme Esteves “era um dos responsáveis pela conta bancária” Opdale, “com poderes para movimentá-la sozinho”; De outro lado do balcão, investigadores concluem que “a documentação relativa à conta Drenos Corporation S.A confirma que referida conta é de fato de propriedade de Renato Duque”.

Defesas

A reportagem entrou em contato com a defesa de Renato Duque, mas não obteve resposta. A advogada Fernanda Tortima, que defende Guilherme Esteves, disse que se manifestará apenas nos autos do processo.

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