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Candidatos são arrojados com suas finanças; veja principais aplicações

Postulantes investidores nas eleições deste ano se diferem do investidor típico brasileiro

atualizado

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MICHAEL MELO/METRÓPOLES
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES

Os candidatos aos cargos em disputa nas eleições distribuem seus investimentos financeiros em produtos considerados conservadores, embora se comportem de forma mais arrojada do que o investidor típico brasileiro, conforme especialistas em finanças pessoais ouvidos pelo Estado. Ao todo, eles declararam à Justiça Eleitoral R$ 3,9 bilhões em investimentos, de um total de R$ 25,2 bilhões em patrimônio.

Ações de empresas, sobretudo as negociadas em Bolsa, representam 14% do total de investimentos financeiros dos candidatos. Dos R$ 3,9 bilhões, eles aplicam em renda variável o equivalente a 35%, ou R$ 1,42 bilhão – já incluídas as ações. O porcentual indica, segundo consultores financeiros, mais confiança deles na economia do que o cidadão comum.

“Esse é um grupo apto a apostar mais e a correr riscos, mais em linha com o título de candidato. A carteira tem jeitão conservador, mas é mais agressiva do que a média”, diz Fabio Gallo, professor de Finanças da PUC-SP e da FGV-SP. “O investidor brasileiro, o cidadão comum sem grandes conhecimentos em finanças, deixa dinheiro fortemente na caderneta de poupança e renda fixa.”

O porcentual em ações é puxado por alguns dos candidatos mais ricos do país, como o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), dono de R$ 283 milhões em ações de empresas negociadas em Bolsa no Brasil e postulante à sucessão do presidente Michel Temer. O segundo com mais ações é o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM), candidato a governador de Mato Grosso, com R$ 105 milhões.

Além das ações, outro elemento de renda variável na carteira dos candidatos indica que eles são mais agressivos do que a média ao investir o próprio dinheiro é o porcentual de 6% – R$ 230 milhões – em Fundos de Longo Prazo e Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). Os FIDC são direitos de crédito vendidos a terceiros.

“Em comparação com a população média, esses caras acreditam muito mais na economia. Se a economia piora, e a inadimplência aumenta, que seria uma consequência natural de se esperar, a primeira coisa que vai sofrer é o FIDC. As pessoas vão começar a virar inadimplentes, parar de pagar o crédito e o fundo vai começar a ter prejuízo na hora”, diz Márcio Reis, diretor de pesquisas econômicas do aplicativo GuiaBolso. “Você só investe em FDIC se acreditar que a economia vai estar no mínimo estável ou melhorar.”

As aplicações na categoria são puxadas pelo empresário do ramo farmacêutico Fernando Marques, candidato a senador no Distrito Federal pelo Solidariedade, que tem R$ 67,5 milhões na aplicação. O segundo na categoria é Meirelles, com R$ 58,8 milhões, e o terceiro, o candidato do partido Novo à Presidência, João Amoêdo, com R$ 44,2 milhões.

Um diferencial entre o comportamento financeiro dos candidatos e do investidor comum é a pequena participação da previdência privada na carteira de aplicações dos políticos, apesar de estarem diretamente vinculados aos debates sobre a reforma da previdência no Congresso. São apenas R$ 184 milhões, o equivalente a 5% do total. A caderneta de poupança soma R$ 90,3 milhões – 2,3% da carteira global, num patamar também considerado baixo.

Dos cerca de 28 mil candidatos que solicitaram registro de candidatura, 69% são homens. A maioria está na faixa entre 45 e 54 anos. A metade, aproximadamente, declara ter ensino superior completo, e a maioria é branca. A ocupação declarada mais comumente é a de empresário. “Pensando que são homens, maduros, com ensino superior, não é nenhum milagre. Era de se esperar que tivessem um tíquete médio maior, mas obviamente está bastante acima da média do brasileiro”, diz Gallo.

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