O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, afirmou, nesta quarta-feira (20/10), que não há uma vírgula no relatório final da CPI da Covid-19, apresentado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), que o comprometa e avisou que processará os senadores que votarem a favor do texto.
O líder do governo disse que tentará apresentar destaque ao relatório na votação da próxima terça-feira (26/10) e frisou que, além de processar Calheiros por abuso de autoridade e denunciação caluniosa, processará todos os senadores que votarem a favor do parecer.
“Se ele [Calheiros] persistir nessa conduta, vou processá-lo por abuso de autoridade e também por denunciação caluniosa, porque ele sabe que eu sou inocente. A investigação provou que eu não participei, e ele insiste em fazer uma tese que não tem fundamento nenhum. E os outros senadores que votarem a favor do relatório também, na sucessão”, declarou Barros.
“Ele, eu processo agora, os outros eu divulgo depois, quando votarem a favor do relatório dele sabendo que não tem os elementos”, acrescentou.
Barros disse que o único assunto no texto relativo a seu mandato é o caso Covaxin, mas que todas as pessoas ouvidas pelo colegiado negaram a participação dele, assim como as quebras de sigilos. “Estou tranquilo, adorei o relatório, não tem uma vírgula do relatório que me comprometa. Zero”, afirmou o parlamentar.
O relatório pede indiciamento de Barros por advocacia administrativa, formação de organização criminosa e improbidade administrativa. Calheiros fez a leitura do parecer, nesta quarta-feira, na comissão. Contudo, a votação será na próxima terça-feira.

Ricardo Barros e governistas na CPI da Covid-19Jefferson Rudy/Agência Senado

Deputado Ricardo Barros (PP-PR)Jefferson Rudy/Agência Senado

Igo Estrela/Metrópoles

Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, chegando ao Palácio do PlanaltoIgo Estrela/Metrópoles - 11 de novembro de 2020
O caso da Covaxin trata de supostas irregularidades nas negociações para aquisição do imunizante, por meio da Precisa Medicamentos, empresa intermediária entre o laboratório indiano Bharat Biotech e o Ministério da Saúde. Ao saber das irregularidades, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) alertou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que teria dito, na ocasião, que Barros estaria envolvido no caso. O líder do governo nega, mas o presidente nunca desmentiu Miranda.
O governo federal fechou acordo para a compra de 20 milhões de imunizantes no valor de US$ 15 por dose, totalizando R$ 1,6 bilhão. Após as irregularidades virem à tona, o governo cancelou o contrato.