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Assessores de Jair Bolsonaro na Câmara sacaram R$ 551 mil em dinheiro

Saque de salários em dinheiro vivo é indício da prática ilegal de rachadinha, pela qual o filho do presidente Flávio Bolsonaro é investigado

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Flávio e Jair Bolsonaro
1 de 1 Flávio e Jair Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Quatro funcionários que trabalharam para Jair Bolsonaro (sem partido) em seu gabinete na Câmara dos Deputados retiraram o equivalente a 72% dos salários em dinheiro vivo. Os assessores do então deputado receberam R$ 764 mil líquidos, entre salários e benefícios, e sacaram um total de R$ 551 mil.

As operações em dinheiro vivo realizadas pelo quarteto são um indício de que a prática ilegal de devolução de salários de assessores ocorria no gabinete de Jair Bolsonaro. O atual presidente foi deputado federal por 27 anos.

A movimentação foi identificada em documentos e quebras de sigilos bancário e fiscal da investigação do “escândalo da rachadinha”, que investiga o atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Os dados financeiros abrangem 12 anos, de 2007 a 2018, período em que esses assessores foram nomeados tanto para o gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quanto para o de Jair.

A Presidência da República não se manifestou. As informações foram obtidas pelo Uol, quando ainda não havia uma decisão judicial contestando a legalidade da determinação da Justiça fluminense. No fim de fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a quebra de sigilo fiscal de Flávio, mas o Ministério Público Federal recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a reportagem, o volume de saques dos assessores chama atenção porque foi identificado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) como parte do método da suposta organização criminosa que atuava dentro do gabinete de Flávio na Alerj.

A partir dos saques, os salários eram transformados em dinheiro vivo e entregues a operadores da “rachadinha”.

De acordo com especialistas no combate à corrupção e investigadores, o uso constante de dinheiro vivo levanta suspeitas porque dificulta o rastreio pelos órgãos de controle.

Envolvimento da ex-esposa de Bolsonaro

O então deputado federal Jair Bolsonaro empregou em seu gabinete, por oito anos (de 1998 a 2006), Andrea Siqueira Valle, irmã de sua segunda esposa, Ana Cristina Siqueira Valle, que é mãe de Jair Renan. No período, Bolsonaro e Ana Cristina tinham um relacionamento estável — a união durou de 1998 ao fim de 2007.

Um ano e dois meses depois que a irmã deixou de trabalhar para Jair, Ana Cristina ficou com todo o dinheiro acumulado na conta em que Andrea aparecia como titular e recebia o salário: um saldo de R$ 54 mil — quantia equivalente a R$ 110 mil, em valores corrigidos pela inflação.

Andrea nunca morou na capital federal e nem na casa na capital fluminense. Vivia em Resende, no sul do Rio de Janeiro, onde fazia diferentes serviços gerais, como faxinas.

Questionada sobre a movimentação da conta bancária da funcionária do gabinete de Jair Bolsonaro, Ana Cristina disse desconhecer o caso. “Eu? Então, o banco tem que mostrar esse registro porque eu desconheço. Esse assunto você tem que ligar para o meu advogado”, afirmou.

A reportagem também questionou Andrea, que disse apenas: “Não tenho nada para conversar com vocês”.

O advogado Magnum Cardoso, que representa Ana Cristina, afirmou que “a defesa não irá se manifestar tendo em vista que o procedimento tramita sob sigilo.” O advogado diz ainda “repudiar veemente o vazamento dessas informações, algo que vem se tornando rotina em se tratando desse procedimento.”

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