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Análise: contra antipetismo, Lula deve provar se ainda é “o cara”

Petista inicia no Nordeste seu projeto de voltar a exibir musculatura e retomar protagonismo no jogo político do Brasil

atualizado

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1 de 1 Obama-e-Lula - Foto: Divulgação

Houve um tempo em que o capital político-eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era incontestável. Admirado por petistas e não petistas, tamanho era seu carisma que nem mesmo o tsunami do mensalão foi capaz de atingi-lo. Na esteira do sucesso de um governo que apostou as fichas em políticas sociais, sobretudo no combate à fome, ganhou admiradores até mesmo fora das fronteiras brasileiras. Tanto que teve sua altíssima popularidade reconhecida pelo então presidente dos EUA, Barack Obama. Ficou célebre o elogio do norte-americano a Lula durante reunião do G-20, em 2009: “Ele é o cara”. Mas será que esse Lula que emerge da prisão ainda “é o cara”? Para reverter o antipetismo – e se opor ao bolsonarismo –, ele terá que provar que sim.

As eleições de 2018 não foram fáceis para o PT. Perdeu votos em todas as regiões e, mesmo praticamente hegemônico no Nordeste, também naquela região obteve desempenho inferior ao observado em 2014. Se há, porém, algum local para Lula iniciar seu projeto de retomar o protagonismo político no Brasil, esse lugar é o Nordeste, onde Bolsonaro perdeu para Fernando Haddad em todos os estados.

A performance menos exuberante nas urnas, numa comparação com pleitos anteriores, naturalmente se deve ao fato de as principais lideranças do partido terem que prestar contas à Justiça. E para corroborar a “fadiga de material” petista, o segundo governo Dilma cometeu equívoco atrás de equívoco até ser abortado pelo impeachment. Some-se a isso a prisão do líder maior da legenda e estava concretizado o antipetismo.

No entanto, a volta de Lula ao Nordeste, depois de amargar 580 dias no cárcere, poderá ser um termômetro de como o eleitorado se comportará até as eleições municipais de 2020 – e mesmo a de 2022. Sem dúvida, ainda lhe resta carisma. E mesmo fisicamente seu semblante não parece ter sido alquebrado após seu algoz Sergio Moro tê-lo trancafiado em Curitiba. Em Salvador (BA), nesta quinta-feira (14/11/2019), onde tem reunião partidária e especialmente em Recife (PE), no domingo (17/11/2019), ele certamente contará com multidões repetindo o bordão e o gesto de Lula Livre. São terrenos férteis para manifestações de tirar o sono daqueles que consideravam o petista carta fora do baralho político-eleitoral.

Suar a camisa
Na verdade, Lula não só volta ao jogo, como o embaralha novamente. Poderá surgir como uma antítese ao bolsonarismo e se firmar como real oposição ao atual ocupante do Palácio do Planalto. Para isto, terá que suar bastante a camisa vermelha na tentativa de vencer a resistência do eleitor que não vota em Bolsonaro, mas anda com o pé atrás com o PT. É esse o público que o representante máximo do lulopetismo terá que mirar, uma vez que quem desembarcou da nau petista dificilmente voltará a dar seu voto à legenda.

O PT estava acéfalo, é bem verdade, sem um nome de peso para orientar e guiar o partido rumo às próximas eleições. Lula parece estar convencido – e até mesmo estimulado pelo amor da namorada Janja, por que não? – de que poderá desempenhar esse papel. Se irá encabeçar uma chapa para o pleito presidencial de 2022, é algo que ainda dependerá de decisões jurídicas, uma vez que está enquadrado pela Lei da Ficha Limpa. Mas a incursão pelo Nordeste inicia seus planos de voltar a exibir a musculatura política de outrora e dar força a qualquer palanque em que suba. Se obtiver sucesso, confirmará que Obama tinha razão: ele é mesmo o cara.

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