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Acusados de financiar atos de 8/1 frequentaram cercadinho de Bolsonaro no Alvorada

Segundo registros de acesso da Presidência, três dos supostos financiadores dos atos de 8 de janeiro estiveram no Alvorada em 2020 e 2021

atualizado

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João Baldan, preso na Operação Lesa Pátria por participar de atos antidemocráticos, posa ao lado do ex-presidente Bolsonaro em cercadinho no Palácio do Alvorada - Metrópoles
1 de 1 João Baldan, preso na Operação Lesa Pátria por participar de atos antidemocráticos, posa ao lado do ex-presidente Bolsonaro em cercadinho no Palácio do Alvorada - Metrópoles - Foto: Reprodução/Facebook

Três dos 52 suspeitos de financiar os atos golpistas que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes possuem registros de acesso ao chamado “cercadinho” do Palácio da Alvorada. As anotações são de diferentes datas de 2020 e 2021, quando Jair Bolsonaro (PL) ainda era presidente da República e adotava o hábito de receber grupos de apoiadores pela manhã e pela tarde, nos momentos em que saía do Alvorada e regressava à residência oficial.

Márcia Regina Rodrigues teve o nome computado nos portões do Alvorada nos dias 20/2/2021 e 10/7/2021, no período da tarde. Já o empresário João Carlos Baldan tem registro de acesso em 31/3/2021 e Pablo Henrique da Silva Santos, em 2/5/2020. Ambos foram cadastrados no início da manhã, por volta das 7h. Geralmente, esse tipo de anotação acontecia pela manhã ou no fim de tarde, horários em que o então presidente parava no local.

Os dados foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI). A reportagem solicitou registros de acesso aos palácios do Planalto e da Alvorada das 52 pessoas listadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) como supostas financiadoras dos atos. As informações foram fornecidas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Segundo a Presidência, não foram encontrados registros sobre a entrada e saída dos nominados no banco de dados do sistema de controle de acesso ao Palácio do Planalto e anexos no período considerado (entre 2019 e 2020).

Durante o governo Bolsonaro, agentes do GSI faziam revista e cadastro de apoiadores que se dirigiam à área reservada para eleitores do então presidente. Eles passavam por um raio-X antes de entrar no “cercadinho”.

No início do mandato, o espaço era dividido com a imprensa. Bolsonaro respondia a perguntas de jornalistas e cumprimentava e tirava fotos com apoiadores. No entanto, na pandemia de Covid-19, após uma série de ofensas disparadas a repórteres, os jornais deixaram a cobertura in loco e o então mandatário passou a receber apenas os apoiadores em uma área dentro do gramado do Alvorada, longe das câmeras de imprensa.

Financiadores

Em 11 de janeiro, a AGU apresentou à Justiça Federal do DF pedido de bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens das pessoas e organizações que teriam custeado o transporte para os atos terroristas.

No dia seguinte, a AGU listou 52 pessoas e sete empresas suspeitas de financiar a ida de grupos para os atos antidemocráticos de invasão e depredação do Supremo Tribunal Federal (STF), Palácio do Planalto e Congresso Nacional.

Segundo a AGU, essas pessoas e empresas fretaram ônibus para os atos golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro. A Advocacia-Geral fez o levantamento a partir de dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O pedido de bloqueio tem base no prejuízo estimado de R$ 3,5 milhões, montante referente ao Senado, e de R$ 3,03 milhões, da Câmara dos Deputados. A AGU informou que o valor, de R$ 6,5 milhões, poderá aumentar após atualização do cálculo do prejuízo causado pelos criminosos.

A AGU argumentou à Justiça Federal que, diante dos atos ocorridos, a medida cautelar é necessária: “A gravidade dos fatos praticados, e nos quais os réus se envolveram, que, mais que lesar o patrimônio público federal, implicaram ameaça real ao regime democrático brasileiro, impõe uma resposta célere e efetiva”.

Quem são os financiadores

Segundo veículos de imprensa locais, Márcia Regina Rodrigues tem 48 anos e mora em Ribeirão Preto (SP). De acordo com dados da Justiça Eleitoral, ela foi contratada para prestar serviços de militância e atividades de rua da campanha de Isaac Antunes (PL-SP) a deputado federal. Márcia forneceu os recibos correspondentes no valor de R$ 5 mil. Antunes recebeu 14.371 votos e, embora não tenha sido eleito, conseguiu uma vaga de suplente na Câmara dos Deputados.

O empresário João Carlos Baldan, de 47 anos, fretou um ônibus para levar bolsonaristas de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, ao ato golpista na capital federal. Antes dos ataques ao Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), ele postou um vídeo com insultos e ameaças ao ministro Alexandre de Moraes.

“Vamos mostrar para esses vagabundos, esses comunistas de merda, o que é um pé na porta agora. Canalhas de uns vagabundos. Segura aí, Xandão de merda”, disparou Baldan.

Em 7 de janeiro, Baldan exibiu imagens do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Ele também tem fotos, em suas redes sociais, ao lado da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro.

5 imagens
Baldan e Bolsonaro
João Baldan e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)
João Baldan e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)
Baldan e o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)
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No dia 31 de março de 2021, Baldan foi ao Palácio da Alvorada e tirou fotos com o então presidente Jair Bolsonaro (PL)

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Baldan e Bolsonaro

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João Baldan e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)

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João Baldan e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)

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Baldan e o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)

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Por fim, Pablo Henrique da Silva Santos é de Belo Horizonte (MG). Não foram encontradas outras informações sobre ele.

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