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Sem bolsonaristas, “novo” PSL quer migrar para “direita moderada”

Porta-voz de ala ligada a Luciano Bivar convida “direita radical” a ir embora e nega alinhamento automático às pautas de Bolsonaro

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Bolsonaro fala com Eduardo
1 de 1 Bolsonaro fala com Eduardo - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Conforme vai abaixando a poeira da briga no PSL, fica claro que a sigla está rachada em dois grupos e que o mais numeroso deles está alinhado ao presidente partidário, o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE). Isolada, a ala ligada ao presidente Jair Bolsonaro já começa a planejar a vida política para além da legenda que elegeu uma das maiores bancadas do Congresso.

Está marcada para esta terça (15/10/2019) uma reunião da Executiva do PSL, que pode decidir pela punição – e possível expulsão – de filiados apontados como agentes da desestabilização, como os deputados federais Bibo Nunes (RS) e Carla Zambelli (SP).

“Infelizmente o clima no partido realmente está muito ruim. Se acontecer de eu ser expulsa, vou esperar a decisão do presidente Bolsonaro, sobre o que ele vai fazer, para decidir o meu futuro”, disse ela, garantindo que estará ao lado do presidente. “Mas não vou decidir sozinha. A ideia é tomar a decisão em conjunto, no nosso grupo”, completou ela, referindo-se a uma lista de 20 deputados da sigla que assinaram uma carta em apoio a Bolsonaro na semana passada.

Do lado oposto da briga estão os demais 37 parlamentares do PSL (63% da bancada), que estão alinhados, em maior ou menor grau, ao deputado federal Luciano Bivar (PE), fundador e presidente da legenda. Nessa nova divisão de forças, está emergindo a liderança do deputado federal Júnior Bozzella (SP), que entrou no PSL em 2016, antes da chegada de Bolsonaro, e acusa os bolsonaristas de serem uma “direita radical”, em oposição à “direita moderada” que representaria os demais pesselistas.

Bozzella diz que o partido não quer obrigar os descontentes a permanecer. “Eles sempre dizem que o problema não é dinheiro. Então, é só eles se comprometerem a não brigar pelo fundo partidário que eles poderão sair em acordo com o partido”, provoca. O grupo ligado a Bolsonaro intimou o PSL a entregar as contas do partido para a realização de uma auditoria externa.

“Há toda uma demagogia nessa tática deles”, acusa Bozzella. “Estão querendo abrir uma tal caixa-preta de um período que o grupo deles que comandou o partido, na pessoa do Bebianno, que presidiu o partido durante a campanha”, completa.

Sem adesão automática
Bozzella diz que o PSL vai “sobreviver bem” se perder praticamente um terço da legenda, mas que deverá se comportar de uma maneira mais independente no Congresso e assumir uma nova postura do ponto de vista ideológico.

“O PSL vai continuar sendo uma grande instituição, vai inclusive crescer ano que vem, elegendo prefeitos. No Congresso, vamos trabalhar as pautas que sempre estiveram na nossa agenda, como o Pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro e a CPI da Lava Toga”, explica.

A CPI proposta para pressionar o Poder Judiciário tem oposição aberta do governo, que considera que a movimentação seria prejudicial para a boa convivência entre os poderes, criando uma má vontade dos juízes em relação às ações do Executivo. O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, é um dos articuladores do abafamento dessa CPI no Senado. Sem controlar o PSL, porém, os bolsonaristas podem ter mais dificuldades em evitar novas tentativas de criar a comissão.

O aparentemente inevitável desmonte do PSL, portanto, deve fragilizar ainda mais a base aliado do governo no Congresso. “Não vou dizer que não seremos aliados, mas garanto que não seremos alienados. A pauta que a sociedade apoia, que é o combate à corrupção, nós apoiaremos sem piscar”, diz Bozzella, que por enquanto é uma liderança informal do partido, mas que poderá substituir o atual líder, Vitor Hugo, que é ligado à ala bolsonarista.

Mais reuniões
Articulando pessoalmente os interesses do grupo que está em oposição a Bivar, o presidente Bolsonaro abriu espaço em sua agenda desta segunda (14/10/2019) para tratar da questão partidária. Em momentos diferentes do dia, recebeu o filho Flávio, o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), e os advogados que orientam o grupo na dissidência, Karina Kufa e Admar Gonzaga, que é ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral. Havia a expectativa de o presidente receber um grupo de parlamentares da dissidência do PSL, mas não houve espaço na agenda.

Nesta terça, em reunião independente da Executiva do partido, a bancada do PSL na Câmara também tem uma reunião marcada na sede da liderança. Pode ser uma última tentativa de trégua.

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