metropoles.com

Presidente tuiteiro: um ano do governo Bolsonaro na rede social

Núcleo de análise de dados do Metrópoles reuniu todos os tuítes do chefe do Executivo federal e identificou o que teve destaque no Twitter

presidente-tuiteiro_mobile
1 de 1 presidente-tuiteiro_mobile - Foto: null

atualizado

Às 4h21 do dia 1º de janeiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desejou um feliz 2019 aos seguidores. Poucos minutos depois, o chefe do Palácio do Planalto publicou um vídeo sobre a cerimônia que o conduziria à Presidência da República.

Bolsonaro agradeceu a Deus e aos cidadãos brasileiros “pelo apoio e confiança” no trabalho do novo governo que se iniciava. “Nós pretendemos sim mudar o destino do nosso Brasil, mas, para tanto, precisamos continuar tendo o seu imprescindível apoio”, disse.

Nesse mesmo dia, o presidente tuitou oito vezes e deu o tom do que viria a ser o ano do governo na rede social. Já no primeiro dia como chefe do Palácio do Planalto, ele atacou a imprensa — o que fez em outros 98 tuítes ao longo de 2019 — e agradeceu mensagem do mandatário norte-americano, Donald Trump, que o parabenizou pelo discurso durante a cerimônia de posse.

“Senhor presidente Trump, agradeço suas palavras de apoio. Juntos, sob a proteção de Deus, traremos mais prosperidade e progresso para nossos povos!”.

Desde o desejo de um feliz 2019 até o dia 16 de dezembro — último dia analisado — foram 2.552 tuítes na conta oficial do presidente. O Metrópoles, por meio do (M)dados núcleo de análise de grande volume de informações, fez um levantamento de todas as postagens de Bolsonaro na rede social.

 

Em um clima pouco amistoso com a imprensa brasileira, o chefe do Executivo fez das redes sociais, entre elas o Twitter, o principal canal de comunicação com os brasileiros. No primeiro ano de mandato, o presidente tuitou 971 vezes para ressaltar feitos do governo e 221 vezes para anunciar novas medidas.

Além disso, usou a conta oficial para atacar e desmentir a imprensa, entidades e pessoas, cumprimentar apoiadores, retuitar ministros, entre outros.

Em agosto, provocado por um seguidor e apoiador, Bolsonaro anunciou na rede social que havida assinado decreto para reduzir impostos de jogos eletrônicos. Também comemorou redução do número de desempregados e melhora sutil na economia.

“Assinei Decreto 9.971 que reduz os impostos sobre jogos eletrônicos. O IPI, que antes variava de 20% a 50%, passa a valer entre 16% e 40%. Sei que é pouco, mas temos que seguir critérios”, anunciou.

 

Imprensa
Os grandes veículos de comunicação, aliás, são citados pelo presidente na conta oficial, quase sempre, na forma de ataque. Não faltaram publicações para acusar a imprensa de propagar fake news ou desmentir matérias veiculadas.

Em episódio mais recente, no dia 22 do mês passado, Bolsonaro negou que haja qualquer mudança prevista no primeiro escalão do governo para o início do próximo ano, conforme alguns veículos noticiaram.

“Não existe qualquer reforma ministerial a caminho, até porque o Governo está indo muito bem, apesar dessa banda podre da imprensa”, disse.

Figuras políticas, partidos e regimes também receberam atenção, ainda que negativa, na rede social do presidente. A primeira menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi em 7 de abril. Na ocasião, Bolsonaro repercutia – criticando – uma pesquisa Datafolha que, segundo ele, apontava que “Lula e Dilma são mais inteligentes do que Bolsonaro”.

 

 

 

Até mesmo autoridades internacionais ficaram no alvo dos tuítes de Bolsonaro. No dia 4 de setembro, o chefe do Executivo tuitou críticas à alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet. Além disso, ele atacou o pai dela, Alberto Bachelet, morto durante o regime do ditador Augusto Pinochet.

Polêmicas
Como não falar das controvérsias em que se envolveu o presidente? Bolsonaro compartilhou um vídeo com cenas obscenas em fevereiro para criticar o Carnaval. As imagens mostravam um homem que parecia urinar na cabeça de outro.

Em seguida, perguntou o que seria golden shower. O termo, que pode ser traduzido para o português como “banho dourado”, faz referência a uma prática sexual na qual o parceiro ou a parceira urina no outro. A publicação, no entanto, foi retirada do ar depois de uma avalanche de críticas.

No dia 12 deste mês, Bolsonaro fez uma enquete na rede social para saber se os cidadãos eram contra ou a favor dos radares móveis de fiscalização de velocidade nas rodovias federais.

Em janeiro, Bolsonaro parabenizou a captura do italiano Cesare Battisti e o acusou de ser “companheiro de ideias de um dos governos mais corruptos que já existiram no mundo (PT)”.

Entre outros temas polêmicos, o presidente tuitou sobre o excludente de ilicitude para policiais — que deseja livrar agentes de punição ao agir em situações de perigo ou ameaça — e o aumento de 20 para 40 pontos do limite para que o motorista perca da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

 

Pautas do governo
As principais pautas do governo também apareceram na conta oficial de Bolsonaro. A reforma da Previdência, aprovada no fim de outubro, mereceu 27 tuítes. Já a pauta do armamento, uma das maiores bandeiras desde a campanha presidencial, foi tuitada 15 vezes.

“Muitas falácias sendo usadas a respeito da posse de armas. A pior delas conclui que a iniciativa não resolve o problema da segurança pública. Ignorando o principal propósito, que é ‘iniciar’ o processo de assegurar o direito inviolável à legítima defesa”, defendeu Bolsonaro no dia 17 de janeiro.

Retuítes
Trezentas das 2.552 postagens foram dedicadas a retuítes. O mais ativo dos irmãos Bolsonaro na rede social, o vereador Carlos (PSC-RJ) foi o mais retuitado pelo presidente. Em seguida, aparecem os ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (26), e da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (25). A página do Palácio do Planalto (21) empatou com outro filho do mandatário brasileiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).