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Palocci: planilha da propina indica R$ 30,2 milhões para o “Italiano”

Segundo a PF, os pagamentos para o “beneficiário italiano” foram realizados em apenas seis meses e em dinheiro. O ex-ministro é alvo das investigações da Lava Jato

atualizado

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CELSO JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Em nova fase da Lava Jato, PF prende ex-ministro Antonio Palocci
1 de 1 Em nova fase da Lava Jato, PF prende ex-ministro Antonio Palocci - Foto: CELSO JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Ao extenso pedido de prisão preventiva de Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) – acatado pelo juiz Sérgio Moro -, a Polícia Federal apontou para o “risco de fuga” do ex-ministro e anexou cópia de uma planilha que indica 26 repasses de propinas que somaram R$ 30,2 milhões para um personagem identificado por “Italiano”. Segundo a PF, “Italiano” é Palocci.

Os pagamentos para o “beneficiário italiano”, segundo os lançamentos da planilha, foram realizados em apenas seis meses, entre 30 de junho de 2010 e 14 de janeiro de 2011, tendo como destinatários personagens identificados por senhas folclóricas – tomate, orégano, massa, mortadela, peperone, bolonhesa, pene, “inhoc”, carpaccio, calzone e outros.

A tabela foi decifrada pela ex-secretária da Odebrecht, Maria Lúcia Tavares, que colabora com a Operação Lava Jato. Ela esclareceu que “todas as senhas utilizadas para as entregas de recursos em espécie vinculados ao codinome ‘Italiano’ tinham relação com a culinária da Itália e sua cultura gastronômica”.

Palocci foi preso na Operação Omertà, 35º desdobramento da Lava Jato, segunda-feira, 26. Os investigadores suspeitam que Palocci recebeu um volume de R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht.

Parte desse valor teria sido destinado ao PT. Omertà indica que ao menos US$ 11,7 milhões foram repassados para a conta na Suíça do publicitário João Santana, marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010.

O pedido de preventiva de Palocci foi endossado pela força-tarefa da Procuradoria da República. Segundo os procuradores, Palloci, “mesmo depois de ter deixado de ocupar cargo público, continuou a tratar frequentemente com executivos da Odebrecht e a realizar reuniões em seu escritório ou em sua residência”.

“Embora Antonio Palocci tenha alegado que em tais reuniões – realizada em sua empresa de assessoria – era solicitado a emitir opiniões acerca do cenário econômico, afirmou que não era contratado pela empresa para prestar assessoria”, assinala a Procuradoria. “Por outro lado, é pública e notória a influência e o amplo acesso de Antonio Palocci às mais altas decisões adotadas na Administração Pública Federal, havendo fortes indícios de que tais encontros eram concretizados para defender ilicitamente os interesses da empresa, em troca de vantagens indevidas.”

O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, afirma que ele não é o “italiano” da planilha de propinas da Odebrecht. Segundo Batochio, os investigadores sustentam uma “ficção”, “imaginação sherlockiana”. O criminalista afirma que o ex-ministro não recebeu nenhuma propina da Odebrecht ou de qualquer outra fonte.

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