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“O mais importante é me resolver com Deus”, diz Onyx sobre caixa 2

Segundo delatores da JBS, o futuro chefe da Casa Civil teria recebido R$ 100 mil, em 2012, e R$ 200 mil, em 2014, para campanhas eleitorais

atualizado

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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Onyx Lorenzoni
1 de 1 Onyx Lorenzoni - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro da Transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou, ao programa Canal Livre, da Band, que o mais importante para ele é se “resolver com Deus” sobre o caso do recebimento de caixa 2 da JBS. A entrevista com Onyx foi exibida no início da madrugada desta segunda-feira (10/12). Na sexta (7), em entrevista coletiva com jornalistas em São Paulo, o ministro disse que “resolver” o caso com a autoridade divina “é importante” para ele.

Segundo delatores da JBS, o futuro chefe da Casa Civil teria recebido R$ 100 mil, em 2012, e R$ 200 mil, em 2014, para campanhas eleitorais, e ele próprio já admitiu ter usufruído dos recursos. O caso é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que obteve a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o caso na semana passada.

Onyx voltou a insistir que errou ao não declarar os valores doados pela JBS, mas disse que o caso não pode ser configurado como corrupção. Durante a entrevista, o futuro ministro mostrou uma tatuagem no braço com um frase bíblica, que teria feito para tentar se aliviar do erro.

Quando isso [a prática de caixa 2] aconteceu, eu sofri muito. Dentro do que eu acredito, eu entendi que eu tinha que fazer isso. Depois que eu fiz, e depois que eu pude me sentir em paz, eu fiz uma coisa há dois anos. Aqui [mostrando o braço] está o João 8:32: ‘A verdade vos libertará’. Isso é para me lembrar do dia que eu errei. Isso é para mim, não é para sair por aí mostrando.

Onyx Lorenzoni

O mesmo versículo é citado frequentemente pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, desde a campanha eleitoral. Onyx disse, ainda, que foi levado a praticar caixa 2 por se tratar de uma “regra” em Brasília. E repetiu que a abertura da investigação pela PGR lhe dará a oportunidade de prestar esclarecimentos.

Ele também afirmou que é um “combatente contra a corrupção” e citou o fato de ter sido relator do projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção na Câmara, que acabou fracassando. “Não temo nada. Bolsonaro sabe quem eu sou”, disse.

Em outro momento da entrevista, o ministro elogiou seu futuro colega de Esplanada dos Ministério, o ex-juiz Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública. “Ele chega cedo e sai tarde [do gabinete de transição]. A equipe dele está fazendo um trabalho. As informações que temos recebido são excepcionais”, disse Onyx. “[Com o trabalho de Moro] Vamos fechar a torneira da corrução, se Deus quiser.”

Estardalhaço
Lorenzoni afirmou, ainda, que “há muito estardalhaço” sobre o caso do ex-assessor do deputado estadual do Rio, senador eleito e filho do presidente eleito, Flávio Bolsonaro (PSL).

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação financeira atípica do ex-assessor Fabrício José Carlos de Queiroz, de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Além disso, há um repasse de R$ 24 mil para a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Onyx disse que essa questão terá de ser “desdobrada na investigação”, mas “acredita que há uma tentativa de desgastar a imagem do presidente eleito”, semelhante, segundo ele, à realizada durante a campanha eleitoral: “O presidente jamais vai se furtar de enfrentar qualquer situação. Ele já viveu e nós já testemunhamos um processo de destruição da sua imagem. E o resultado a gente viu, 57 milhões de brasileiros veem nele a esperança do Brasil”.

O ministro ainda aludiu ao pedido de “trégua” que fez à imprensa na sexta, para que o novo governo possa “começar a trabalhar”. “A gente sabe que nós vamos errar. Aí quando errar, nós vamos corrigir. Deixa pelo menos começar a trabalhar.”

 

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