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“Não vou lamentar se o botarem para fora”, diz Olavo sobre Vélez

Escritor de ultradireita ataca ministro da Educação, Vélez Rodríguez, que pode ser demitido. Esse é o segundo embate da semana

atualizado

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Reprodução/Facebook
Fiolósofo Olavo de Carvalho fumando
1 de 1 Fiolósofo Olavo de Carvalho fumando - Foto: Reprodução/Facebook

Pela segunda vez nesta semana, o escritor Olavo de Carvalho, que funciona como espécie de guru informal do presidente Jair Bolsonaro (PSL), atacou um ministro do governo. Nesta sexta-feira (5/4), foi a vez do chefe da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, se tornar alvo de críticas.

Na eminência de ser exonerado do cargo, Carvalho incentivou a dispensa. Ele usou o Facebook para comentar a crise. “Não vou fazer nada contra ele, mas garanto que não vou lamentar se o botarem para fora do ministério”, disparou.

Vélez chegou ao cargo por influência do escritor, assim como o atual chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.

Segundo Olavo, ele segue a trajetória de Vélez há, pelo menos, duas décadas. “Conheci o prof. Vélez por seus livros sobre a história do pensamento brasileiro, publicados mais de vinte anos atrás. Nunca tomei conhecimento das suas obscenas tucanadas e clintonadas, que teriam me prevenido contra o seu comportamento traiçoeiro”, completou.

Bolsonaro deixou escapar, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que Vélez, “não está dando certo” e que pode demiti-lo na próxima semana. “Está bastante claro que não está dando certo o ministro Vélez. Na segunda-feira, vamos tirar a aliança da mão direita, ou vai para a esquerda ou vai para a gaveta”, disse o chefe do Executivo federal.

O compasso na pasta desandou por uma disputa de poder entre quatro alas distintas: militares, evangélicos, técnicos e aqueles que apoiam o escritor de direita Olavo de Carvalho.

Para se ter dimensão dos conflitos, em 87 dias, o ministro demitiu 91 pessoas – em média, mais de uma dispensa por dia desde que Vélez assumiu o cargo. É o que revela levantamento realizado pelo Metrópoles, com base nas dispensas publicadas no Diário Oficial da União.

Com isso, cargos importantes, como o comando do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) estão vagos. Os recuos, como a revogação da portaria que decidia não avaliar a alfabetização, acentuaram a crise.

Questionado sobre a possibilidade de ser demitido, Ricardo Vélez negou que vá entregar o cargo e que a única coisa “insustentável” é a morte. “Insustentável por quê? A única coisa insustentável é a morte”, declarou diante da insistência de jornalistas.

“Você não presta”
Na última segunda-feira (1º/4), Carvalho xingou o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Carlos Alberto Santos Cruz, em uma série de publicações no Facebook. A tensão entre eles aumentou após o ministro dizer que é preciso restabelecer o diálogo entre o Executivo e o Legislativo.

A crise expõe a disputa por poder dentro do governo entre olavistas e militares. “Não venha agora choramingar que foi ofendido, Santos Cruz. Foi você que começou isto, sem a menor provocação, dois dias depois de eu o haver elogiado. Você simplesmente não presta”, criticou o escritor.

Há uma semana, Olavo e Santos Cruz tiraram o conflito dos bastidores do Palácio do Planalto e tornaram público o incômodo da ala militar com a interferência do escritor. O general chegou a dizer que nunca se interessou pela obra de Olavo. “Sem a minha obra de três décadas, da qual você nada sabe, você jamais teria chegado ao posto que agora ocupa. O presidente Bolsonaro é um homem grato. Você é apenas um monstro de auto-adoração (sic) e empáfia”, rebateu Olavo.

Olavo tem reclamado da postura de Santos Cruz. “Mostrem-me alguma declaração do general Santos Cruz falando mal de um inimigo do presidente Bolsonaro. Até agora só falou mal de amigos”, escreveu Olavo. Ele reclamou que o general ofende o presidente. “Bolsonaro não tem maturidade para escolher sensatamente seus amigos e precisa portanto de um tutor, o próprio Santos Cruz”, completou.

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