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Futura ministra questiona “política do isolamento” de índios

Damares Alves, que será responsável pela Funai, afirmou que é possível interagir mais aos poucos, respeitando a cultura de cada um

atualizado

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Ian Ferraz/Metrópoles
Damares Alves é confirmada no Ministério dos Direitos Humanos
1 de 1 Damares Alves é confirmada no Ministério dos Direitos Humanos - Foto: Ian Ferraz/Metrópoles

A futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, questionou nesta sexta-feira (7/12) se a “política do isolamento” de indígenas “é o melhor” para eles. A pasta de Damares será responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Ela disse concordar nessa questão com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que já comparou índios em reservas a animais em zoológicos. “Nós, tanto ele quanto eu, questionamos a política do isolamento. Já dá para a gente rever se isso realmente é o melhor para o índio”, afirmou, ao chegar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, onde a equipe de transição se reúne. A reportagem é do jornal O Globo.

Questionada sobre como fazer isso, a futura ministra disse que é possível interagir mais aos poucos, respeitando a cultura de cada um: “Seria aos poucos começar a ingressar esses povos. Sem agressão alguma a sua cultura, respeitando as especificidades, respeitando inclusive aqueles povos isolados. Respeitar de acordo com a classificação de cada um, mas dá para aos poucos a gente estar interagindo mais”, ressaltou.

De acordo com Damares, o foco da próxima gestão da Funai será “cuidar do índio como um todo”, o que inclui as mulheres, o jovens e os deficientes. “Cuidar do índio como um todo. Trazer a mulher indígena para o protagonismo. Cuidar do índio com deficiência, nós ainda temos povos que eliminam os crianças com deficiência. Então, cuidar do índio como um todo. A pasta cabe índio em todos os lugares. O jovem indígena na universidade. Esses jovens vêm para a cidade e têm um choque cultural muito grande na hora de ingressar na faculdade”, observou a futura ministra.

Na semana passada, ao falar sobre o Acordo de Paris, tratado internacional que tem como objetivo reduzir a emissão de gases do efeito estufa, Bolsonaro disse que não tem interesse em “maltratar” os índios.

“Em todos os acordos no passado, sempre notei uma pressão externa no tocante a cada vez mais demarcar terra para índio, demarcar reservas ambientais. Na Bolívia tem um índio que é presidente. Por que no Brasil devemos mantê-los reclusos em reservas como se fossem animais em zoológicos? O índio é um ser humano igual a nós”, afirmou Bolsonaro.

Destinos da Funai
Nos últimos dias, membros do governo haviam citado diversos possíveis destinos para a Funai, como os ministérios da Agricultura e da Cidadania, além de não descartarem a possibilidade da fundação continuar na Justiça, onde está atualmente, mas nenhum dos indicados para as respectivas pastas parecia se interessar por gerir o órgão.

Por fim, ficou decidido que a fundação ficará no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, pasta que atualmente se chama apenas Ministérios dos Direitos Humanos e será rebatizada.

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