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Dallagnol sai em defesa de procurador suspeito de receber propina

O chefe da Lava Jato em Curitiba disse confiar integralmente no procurador citado em depoimento do doleiro Dario Messer

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Deltan Dallagnol em aeroporto -metrópoles
1 de 1 Deltan Dallagnol em aeroporto -metrópoles - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

O chefe da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, usou suas redes sociais neste sábado (30/11/2019) para defender o procurador Januário Paludo, citado em mensagem do doleiro Dario Messer por supostamente ter recebido propina em troca de proteção, de acordo com informações do Uol.

Dallagnol disse “confiar integralmente” no procurador. “Januário é um dos procuradores mais diligentes, dedicados e competentes do MPF. Conheço ele há 15 anos e confio integralmente nele”, disse o procurador.

O procurador divulgou ainda o conteúdo de uma nota emitida pela MPF repudiando as informações prestadas na reportagem.

A denúncia de envolvimento de Paludo com o doleiro será apurado pela corregedoria do Ministério Público, de acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR). Em uma troca de mensagens com a namorada, Dario Messer afirmou ter pago propina ao procurador, membro da força tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.

As conversas de Messer com sua namorada Mayra Athayde ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidas pela Polícia Federal durante a operação Patrón, na última fase da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Nos diálogos com Mayra, o doleiro fala sobre os processos que responde e sobre o encontro de uma das testemunhas com Januário Paludo. Messer completa afirmando que o procurador é um dos destinatários de “parte da propina paga pelos meninos”.

Os meninos, segundo as investigações, seriam os delatores Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos eram operadores do esquema de lavagem de dinheiro, a exemplo de Messer até serem presos.

Em depoimentos, eles disseram ter pago US$ 50 mil por mês (cerca de R$ 200 mil) ao advogado Antônio Figueiredo Bastos em troca de proteção junto à PF e ao Ministério Público Federal (MPF). O advogado, um dos maiores responsáveis por fechar acordos de delação premiadas da Lava Jato, negas as acusações.

Paludo
Januário Paludo é um dos membros mais antigos da força-tarefa da operação Lava Jato do MPF do Paraná e um dos responsáveis pelas investigações do caso Banestado. O procurador é um dos personagens da série de reportagens do site Intercept Brasil, que revelou diálogos suspeitos entre os membros da força tarefa e o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro.

Sobre a troca de mensagens, a PF classificou como grave as revelações e pediu a Procuradoria Geral da República (PGR) para que investigue o caso.

Confira a íntegra da nota do MPF:

Em relação à matéria do UOL divulgada nesta madrugada, os procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná informam que:

1. A ação penal que tramitou contra Dario Messer em Curitiba foi de responsabilidade de outro procurador que atua na procuradoria da República no Paraná, o qual trabalhou no caso com completa independência. Nem o procurador Januário Paludo nem a força-tarefa atuaram nesse processo.

2. O doleiro Dario Messer é alvo alvo de investigação na Lava Jato do Rio de Janeiro, razão pela qual não faz sequer sentido a suposição de que um procurador da força-tarefa do Paraná poderia oferecer qualquer tipo de proteção.

3. As ilações mencionadas pela reportagem de supostas proprinas pagas a PF e ao MP já foram alvo de matérias publicadas na imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, há investigação sobre possível exploração de prestígio por parte de advogado do investigado, fato que acontece quando o nome de uma autoridade é utilizado sem o seu conhecimento.

4. Em todos os acordos de colaboração premiada feitos pela força-tarefa, sem exceção, os colaboradores têm a obrigação de revelar todos os fatos criminosos, sob pena de rescisão do acordo.

5. Os procuradores da força-tarefa reiteram a plena confiança no trabalho do procurador Januario Paludo, pessoa com extenso rol de serviços prestados à sociedade e respeitada no Ministério Público pela seriedade, profissionalismo e experiência.

 

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