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As “brigas” diplomáticas compradas por Bolsonaro ao redor do mundo

Desavenças com os governos da França e da Noruega são parte de uma série de desconfortos diplomáticos comprados pelo governo desde janeiro

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Depois de se desentender com Alemanha e Noruega pelos países terem congelado os repasses ao Fundo Amazônia, Jair Bolsonaro se encontra no centro de uma crise ambiental e diplomática. Nesta quinta-feira (22/8/2019) , Emmanuel Macron, presidente da França, convocou os outros integrantes do G7, que reúne as sete maiores economias do mundo, para discutir os incêndios na floresta amazônica.

Apesar de o presidente afirmar que a interferência na Amazônia caracteriza “mentalidade colonialista” e atinge a “soberania nacional”, o Canadá e a Colômbia também demonstraram preocupação com as políticas ambientais de seu governo. Some a isso o apoio público da Organização das Nações Unidas (ONU) aos outros países e Bolsonaro pode ter colocado em xeque o tão aguardado acordo entre o Mercosul e União Europeia.

Agências internacionais de notícias informam que o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, divulgou nota nesta sexta afirmando que “nas condições atuais, a França se opõe ao acordo Mercosul-UE”.

Essa, entretanto, é apenas a última adição à lista de desconfortos diplomáticos que o governo tem protagonizado desde janeiro. Abaixo, outros episódios de brigas internacionais da administração Bolsonaro:

 

França
Um dos principais empecilhos na conclusão do acordo entre Mercosul e União Européia, o “desconforto” com o governo da França teve início durante a visita de Jean-Yves Le Drian, ministro das Relações Exteriores francês, ao Brasil. Bolsonaro desmarcou o encontro marcado com o ministro francês para fazer uma live em suas redes sociais enquanto cortava o cabelo.

Dois dias depois, Bolsonaro admitiu que ficou sabendo do encontro de Le Drian com ONGs brasileiras e governadores do Nordeste. “O que ele veio tratar com ONG aqui?”, questionou. O ministro francês respondeu que seu interesse é “falar com o Brasil, com todos os brasileiros” e ainda ironizou o que chamou de “emergência capilar” de Bolsonaro. “Ao que parece, houve uma emergência capilar. Essa é uma preocupação que é estranha para mim”, declarou.

Nesta quinta, 22, foi a vez de o presidente Emmanuel Macron demonstrar indignação com o governo brasileiro, ao criticar suas políticas ambientais na Amazônia e convocar uma reunião do G7 para tratar do assunto, que classificou como “crise internacional”. Em seu Twitter, Bolsonaro reagiu afirmando que a interferência era de uma “mentalidade colonialista” e atacava a soberania nacional na questão.

 

Alemanha
O último embate entre Bolsonaro e o governo de Angela Merkel veio em agosto, após o anúncio da retirada de R$ 155 milhões do investimento alemão no Fundo Amazônia, graças às “incertezas que rondam o programa”. Bolsonaro minimizou o movimento, classificou-o como uma forma para que o país parasse de “comprar à prestação a Amazônia” e mandou um recado à “senhora querida Angela Merkel” para reflorestar o próprio país. “Lá está precisando muito mais do que aqui”, afirmou.

A Embaixada da Alemanha em Brasília respondeu às críticas do presidente com um vídeo mostrando as florestas do país e apontando que é um dos territórios “mais florestados do mundo”. A tática já havia sido utilizada quando Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmaram que o Nazismo foi um “movimento de esquerda”.

A relação entre os alemães e Bolsonaro se deteriorou a tal ponto que, na última semana, um dos principais programas humorísticos da TV estatal de lá dedicou cinco minutos de críticas ao presidente brasileiro, em um quadro intitulado “O boçal de Ipanema”.

 

Argentina
Antes de Cristina Kirchner anunciar sua recandidatura à presidência da Argentina, Bolsonaro já se demonstrava preocupado com a volta da esquerda ao poder do país vizinho. Com a confirmação da ex-presidente como vice de Alberto Fernández, ele engrossou o discurso sobre o “retorno da turma do foro de São Paulo na Argentina”, referindo-se à chapa como “bandidos de esquerda”.

Dentre os efeitos colaterais, Bolsonaro tem ameaçado retirar o Brasil do Mercosul. Como resposta, o presidenciável argentino referiu-se ao brasileiro como “racista, misógino e violento”. Pouco depois, Fernández se arrependeu e afirmou que estava incomodado com “o jeito e a arrogância com que ele fala, entre outras coisas. Mas a verdade é que o Brasil é muito mais importante que o Bolsonaro”.

 

Colômbia
Após o pronunciamento de Emmanuel Macron sobre o desmatamento na Amazônia, o presidente da Colômbia, Ivan Duque, também usou o Twitter para afirmar que essa tragédia ambiental “não tem fronteiras e deve chamar a atenção de todos”. “O governo oferece aos países irmãos apoio para trabalhar conjuntamente com um propósito que urge: proteger o pulmão do mundo”, escreveu.

 

Canadá
Na noite desta quinta, o primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau, também fez coro às propostas de Emmanuel Macron e afirmou que as queimadas na Amazônia precisam ser discutidas pela comunidade internacional: “Precisamos agir pela Amazônia e agir pelo nosso planeta – nossos filhos e netos estão contando conosco”, escreveu em seu Twitter.

 

 

Finlândia
O ministro das Finanças, Mika Lintila, aderiu à campanha internacional de condenação aos incêndios da Amazônia e afirmou que tanto a Finlândia quanto a UE deveriam “rever com urgência a possibilidade de proibir as importações brasileiras de carne bovina”.

 

Venezuela
Crítico ferrenho de Nicolás Maduro, Bolsonaro sempre alfineta o país vizinho como exemplo de decadência ou destino para possíveis exilados políticos. “Nas próximas eleições, vamos varrer essa turma vermelha no Brasil”, disse em discurso no Piauí, afirmando que vai “mandar os esquerdistas para Cuba ou Venezuela”.

Antes, ele já declarou apoio a Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, durante sua tentativa de derrubar Maduro, em abril. Este, por sua vez, apelou às Forças Armadas brasileiras. “Faço um chamado às forças militares do Brasil a deter a loucura de Jair Bolsonaro e sua ameaça de guerra”, disse o líder chavista, que qualificou o presidente brasileiro como “filhote de fascista” e “imitador de Hitler”.

 

Noruega
Pouco depois de a Alemanha ter congelado os investimentos no Fundo Amazônia, o governo da Noruega também informou que iria retirar seu repasse no valor de R$ 133 milhões ao programa de prevenção ao desmatamento. Desta vez, Bolsonaro reagiu criticando uma suposta caça às baleias promovida pelo governo norueguês.

O único problema é que o vídeo publicado pelo presidente em seu Twitter diz respeito a um evento na Dinamarca. O ataque já havia sido antecipado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que declarou em audiência pública que a Noruega “não tinha moral” para falar sobre o desmatamento da Amazônia. Em nota, o país afirmou que sua indústria petrolífera “é líder global em padrões de saúde, segurança e proteção ambiental”.

 

Dinamarca
Apesar de ter mirado a Noruega, a divulgação do vídeo em que critica a caça das baleias com imagens correspondentes à Dinamarca repercutiu mal no país. Por lá, o Berlingske, um dos principais jornais dinamarqueses, publicou uma matéria na qual acusa Bolsonaro de disseminar fake news e de estar “furioso” com o fim dos repasses ao Fundo Amazônia.

“Bolsonaro não acredita que derrubar as imensas florestas brasileiras importe para o clima. Ele, portanto, concedeu permissão para expandir a exploração madeireira nas florestas da Amazônia”, afirma o jornal.

 

Países Árabes
Antes mesmo de tomar posse, Bolsonaro anunciou a transferência da embaixada do Brasil de Israel para Jerusalém. Mesmo não oficializada, a decisão causou desconforto nas relações com os países árabes, um dos nossos principais mercados para a exportação de carne. À época, a Liga Árabe ameaçou tomar “medidas políticas e econômicas” e, em janeiro, a Arábia Saudita decidiu vetar a entrada de cinco frigoríficos brasileiros em seu mercado, admitindo a retaliação contra o governo.

Em abril, o presidente anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém. “Não estamos procurando encrenca com ninguém”, disse. A atitude não foi bem vista pelos árabes e irritou o Hamas, grupo extremista que controla a Faixa de Gaza. A situação escalou após Flávio Bolsonaro ter escrito no Twitter “Quero que vocês se explodam”, em referência à entidade. Por fm, Bolsonaro afirmou durante um encontro com grupos evangélicos que “é Israel quem decide sua capital” e abandonou a questão.

 

Cuba
No início de agosto, Bolsonaro criticou a administração do programa Mais Médicos durante o governo de Dilma Rousseff, afirmando que os profissionais da saúde que vieram ao Brasil tinham como objetivo formar “núcleos de guerrilhas”. Ele também declarou que o PT usava o povo “para espoliá-lo, na base do terror, por um projeto de poder”.

Em sua conta oficial no Twitter, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel retrucou a fala de Bolsonaro: “Ele mente mais uma vez. É vergonhosa sua subserviência aos EUA. As calúnias vulgares contra Cuba e o Mais Médicos nunca conseguirão enganar o povo irmão brasileiro, que conhece bem a nobreza e humanidade da cooperação médica cubana”.

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