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Análise: saudade do AI-5 revela fraqueza política do governo

Se Bolsonaro tivesse base parlamentar e hegemonia das ruas, Paulo Guedes e outros não falariam em ato próprio das ditaduras

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
cavalaria – PM esplanada – greve geral
1 de 1 cavalaria – PM esplanada – greve geral - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

As referências a uma suposta edição de um ato institucional para o governo enfrentar manifestações populares vão além das declarações irresponsáveis do deputado Eduardo Bolsonaro (SP). Nesta segunda-feira (25/11/2019), em Washington, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tratou do assunto com a naturalidade típica dos tempos da ditadura.

Como se falasse de uma medida econômica, o “posto Ipiranga” sugeriu a implantação de um AI-5 para reprimir o povo na rua. A medida teria o objetivo de se contrapor a manifestações convocadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois que deixou a prisão.

Recorde-se que, depois que Eduardo mencionou pela primeira vez um AI-5, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, cogitou estudar o assunto. Desde a eclosão de protestos no Chile e na Bolívia, o tema se tornou recorrente nas declarações públicas das autoridades federais. Contra o povo, o governo quer polícia.

O medo de protestos da população revela, antes de mais nada, fraqueza política do governo – no Congresso e nas ruas. Se tivesse base parlamentar consolidada, o presidente Jair Bolsonaro aprovaria as propostas de interesse da equipe econômica e do Palácio do Planalto.

Da mesma forma, ao recorrer preventivamente a medidas de exceção – caso de um ato institucional nos moldes da ditadura -, o capitão expõe a impopularidade do governo junto a uma parcela dos brasileiros. Embora conte com apoio engajado e fiel de um segmento da sociedade, Bolsonaro aparenta temor com a liderança de Lula junto aos insatisfeitos com a atual administração.

Inseguro na política, o governo também colabora com as incertezas da economia quando se mostra incapaz de resolver os problemas do país dentro das regras da democracia. Para quem olha de fora, a saudade do AI-5 é um sinal claro de instabilidade de um governo eleito pelo povo.

Por fim, vale observar que, ao mencionar medidas contra protestos de rua, Guedes pode obter efeito contrário ao pretendido. Para quem participou do processo de redemocratização do país, a simples hipótese de adoção de um ato como o AI-5 representa motivo de sobra para ocupar as ruas.

Por essa e por outras, muitas vezes, parece que o governo, em vez de buscar a união dos brasileiros, quer provocar confusão no país.

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