Goiânia – Em novo depoimento à polícia nesta quarta-feira (12/5), um profissional de almoxarifado de 27 anos disse ter ficado “surpreso” ao perceber a situação de sua filha, de 6 meses, perdendo os sinais vitais, em seu colo, na casa deles, em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. A bebê foi transferida a unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital em Goiânia. O quadro de saúde dela é grave.
O pai e a mãe da bebê, uma dona de casa de 33 anos, são investigados após levar a criança, na segunda-feira (10/5), a uma unidade de saúde municipal, com mais de 30 lesões espalhadas pelo corpo.
“O genitor do bebê afirma que é possível que tenha machucado, sem intenção, sua filha, ao abaixar-se, com ela em seu colo, para pegar um celular que estava sobre a cama, com a intenção de mudar o vídeo a que ela assistia, bem como ao massagear o tórax dela para reanimá-la”, conta a delegada Kênia Dutra Segantini, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis, ao Metrópoles.
Kênia afirma que, durante o depoimento, percebeu que o pai estava “preocupado”. “É difícil numa situação dessa estar tranquilo. Ele mesmo relatou que está difícil a concentração por causa da preocupação com a bebê, que está no hospital”, acrescenta ela.
Exame
A delegada afirma que o exame de corpo de delito deverá ser realizado nos próximos dias, para apontar a causa dos ferimentos na bebê. “Pretendemos esclarecer se essas lesões foram causadas intencionalmente, ou por descuido, em algum acidente, e de que forma ocorreram”, diz.
O último boletim médico informou que a bebê respira com ajuda de aparelhos, e o estado de saúde dela é grave. A mãe da criança a acompanha no hospital.
Na noite de terça-feira (11/5), segundo a responsável pela investigação, uma equipe de policiais realizou perícia na residência da família. De acordo com ela, a mãe da criança, que é dona de casa, e vizinhos serão também ouvidos nos próximos dias.
Os nomes dos casal e da bebê não foram divulgados pela Polícia Civil, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para preservar a criança.
Entenda o caso
O caso foi denunciado para a polícia depois de a bebê ser levada, na noite de segunda-feira (10/5), a uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Anápolis, com sinais de hematomas pelo corpo inteiro e muita dificuldade para respirar. Uma médica desconfiou da situação e suspeitou que estivesse diante de uma criança vítima de maus-tratos.
Os profissionais de saúde disseram que a recém-nascida não estava respondendo aos estímulos. De acordo com relatos da mãe ao Conselho Tutelar e à Polícia Militar, o pai estava com a criança no colo ao perceber que a filha não estava bem. Ele chegou a ser levado para a delegacia, onde alegou que não sabia o motivo dos hematomas. Em seguida, foi liberado.
Depois de receber atendimento inicial na UPA, a bebê foi transferida, às pressas, para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde permanece internada, na capital.
O Conselho Tutelar informa que não houve qualquer denúncia anterior relacionada aos pais da criança.