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“Polícia deve matar mais”: governo de GO reage à repercussão negativa

Tenente-coronel Edson Melo, conhecido por executar o criminoso Lázaro Barbosa, fez a declaração durante debate em programa de TV

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Reprodução: arquivo pessoal/instagram
Tenente-coronel da PM de Goiás Edson Melo e governador Ronaldo Caiado
1 de 1 Tenente-coronel da PM de Goiás Edson Melo e governador Ronaldo Caiado - Foto: Reprodução: arquivo pessoal/instagram

Depois da repercussão negativa da declaração do tenente-coronel da Polícia Militar de Goiás (PMGO) Edson Melo de que a “polícia deve matar mais”, o governo do estado informou, em nota ao Metrópoles, neste domingo (26/6), que o oficial “emitiu opinião pessoal”. Ele é ex-chefe de segurança do governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

O oficial, que deixou o comando da segurança de Caiado no dia 30 de março para disputar as eleições para deputado federal pelo Podemos, ficou conhecido após executar o criminoso Lázaro Barbosa, há quase um ano, e lançar um livro sobre o assunto. Ele fez a declaração durante o programa TBC debate, divulgado pela Televisão Brasil Central, na última quarta-feira (22/6).

Ao Metrópoles, o tenente-coronel não quis se manifestar diretamente sobre a repercussão negativa da declaração dele e se limitou a dizer: “Minha assessoria irá entrar em contato”.

Letalidade

O tema do debate era letalidade nas ações policiais, discutido com o policial rodoviário federal Fabrício Rosa, pré-candidato a deputado estadual pelo PT e doutorando em direitos humanos. Este, por sua vez, também é conhecido por criticar o abuso de autoridade e a violência policial contra a população.

“Acredito que a polícia deve matar mais. Deve matar mais, no sentido de bandido, né? Porque isso reflete diretamente nos dados que aqui tenho”, afirmou o tenente-coronel. “Tivemos uma redução de homicídios em 21%, de 2018 para 2019, já no início do governo de Ronaldo Caiado”, completou. Ele mesmo divulgou o trecho em rede social.

Veja vídeo abaixo:

 

 

“Não representa diretrizes”

Na nota, o governo estadual afirmou que o tenente-coronel não integra mais a segurança pessoal do governador e emitiu uma opinião pessoal, “que não representa as diretrizes e a política de segurança do governo de Goiás”.

O governo também destacou que o policial nunca teve participação na gestão da segurança pública de Goiás, “que é de responsabilidade exclusiva da Secretaria de Segurança Pública”.

“Em Goiás, a polícia age com firmeza, mas dentro da legalidade. A criminalidade caiu consideravelmente nos últimos anos por consequência de um trabalho integrado das forças de segurança, pelo uso da inteligência, pelo investimento na valorização e qualificação dos profissionais que atuam na rua e pela intolerância com a corrupção”, afirmou o governo na nota.

Discussão

Durante o debate, Fabrício citou casos de repercussão em Goiás após policiais se tornarem réus por excessos que provocaram a morte de civis, como o caso em que quatro pessoas foram assassinadas em ação policial no dia 20 de janeiro deste ano, em uma chácara em Cavalcante. Ele cobrou que houvesse mais rigor nas investigações.

“Não estou querendo dizer que todo policial comete isso [homicídio], mas a gente não pode cair nesta atrocidade, nesta leviandade de dizer que todo policial age correto. Isso não é verdade. Nós que as corregedorias e o controle externo do Ministério Público, nós temos de colocar câmeras [no uniforme]”, disse Fabrício.

O tenente-coronel afirmou que as mortes não são intencionais por parte dos policiais e que são provocadas pelos próprios suspeitos que reagem a abordagens atirando, o que, segundo o oficial, faz com que os agentes de segurança reajam em legítima defesa. “A escolha é sempre do bandido”, afirmou.

Antes de integrar a segurança de Caiado, Edson Melo integrou grupos especializados da PM, como a Rotam e o Batalhão de Choque. “Letalidade policial é um termo de esquerda. É usado de forma política para atingir a polícia”, disse ele.

Mortes violentas

De acordo com o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2021 com dados referentes ao ano anterior, Goiás é o segundo colocado no índice de letalidade policial quando se adota o critério da proporcionalidade de mortes em relação ao total de civis assassinados durante um ano.

“Em Goiás, no ano de 2020, 30% dos homicídios foram praticados pela polícia, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A média nacional de letalidade policial é de 12% para cada 100. A Organização das Nações Unidades (ONU) vê qualquer dado acima de 10% um índice preocupante”, afirmou Fabrício Rosa.

Ainda de acordo com o documento, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, foram assassinadas 6.416 pessoas pela polícia no Brasil. Desse total, 631 foram em Goiás, o que representa 9,83% do total. A população goiana corresponde a 3,4% dos brasileiros.

O Metrópoles não conseguiu retorno do tenente-coronel; do secretário de Segurança Pública de Goiás, coronel Renato Brum dos Santos, e do Comando da PM goiana, até o momento em que este texto foi publicado, mas o espaço segue aberto para manifestações.

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