A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, nesta terça-feira (24/11), mais uma pessoa acusada de envolvimento com a morte do autônomo João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos. Segundo a 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), trata-se da agente de fiscalização da unidade do Carrefour onde ocorreu o crime, Adriana Alves Dutra, 51.
Em coletiva de imprensa, a delegada-chefe da 2ª DPHPP de Porto Alegre, Nadine Anflor, informou que a prisão é temporária. “Já tínhamos procurado por ela e não a encontramos, ela justificou que estava recebendo ameaças. Estivemos na casa dela e não a encontramos, hoje [terça-feira (24/11)] veio com o advogado e a informamos do mandado de prisão”, explicou.
Ela foi presa porque teria poder de comando sobre os dois seguranças que espancaram e mataram João Beto, e já estavam presos.

Manifestantes em frente ao Carrefour da 402 Sul, em BrasíliaAnderson Costolli/Metrópoles

O Juntos lembrou em faixa que vidas negras importamAnderson Costolli/Metrópoles

Movimentos negro e social em marcha contra o racismo em BrasíliaJacqueline Lisboa/Especial Metrópoles

Protesto em frente à rede de supermercados, na 402 SulJacqueline Lisboa/Especial Metrópoles

Protesto na porta do Carrefour, na quadra 402 Sul, em BrasíliaJacqueline Lisboa/Especial Metrópoles

Mercado Carrefour depredado em São PauloFoto: Fábio Vieira/Especial Metrópoles

Unidade atacada fica em um shoppingFabio Vieira/Especial para o Metrópoles

Manifestantes depredam Carrefour nos Jardins, em São PauloFabio Vieira/Especial para o Metrópoles

Manifestantes depredam Carrefour em São PauloFabio Vieira/Especial para o Metrópoles
Além disso, as incoerências no depoimento da suspeita também levantaram desconfiança dos policiais. Adriana é a funcionária que tenta impedir a gravação do assassinato de João Beto (veja abaixo).
Em depoimento à Polícia Civil, a suspeita informou não ter escutado a vítima pedir por socorro. Adriana narra ter sido chamada para conter a briga entre o cliente e uma outra empregada do mercado. Ela disse que, antes de ir para o estacionamento da loja, Beto teria empurrado uma cliente. No entanto, as imagens analisadas pela polícia não mostram a vítima empurrando nenhuma mulher.
Adriana também falou aos policiais que Beto e os seguranças começaram a brigar e que, nesse momento, ela teria chamado a Brigada Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A agente de fiscalização afirmou ter pedido várias vezes que os seguranças soltassem João Beto, mas que não ouviu a vítima gritar por socorro.
Entretanto, em vídeos que circulam pela internet, Adriana aparece perto do corpo de João Alberto, que estava sendo espancado no chão. Ele gritava por socorro e dizia: “Estou morrendo”. A funcionária do Carrefour filma a vítima e, ao perceber que uma testemunha também gravava as agressões, pede que o vídeo seja interrompido.
“Não faz isso, não faz isso, senão vou te queimar na loja. Não pode”, diz Adriana, ao “justificar” as agressões. “Ele deu em uma mulher lá em cima. Senão, a gente não teria [feito isso]. Ele bateu no fiscal. Ele pode bater em nós? A gente está tentando mobilizar ele”, completa.
Veja as imagens:
“Não faz isso, não faz isso, senão vou te queimar na loja. Não pode”, diz Adriana, ao “justificar” as agressões. “Ele deu em uma mulher lá em cima. Senão, a gente não teria [feito isso]. Ele bateu no fiscal. Ele pode bater em nós? A gente está tentando mobilizar ele”, completa.
O caso
João Beto foi morto no Carrefour, na última quinta-feira (19/11), em Porto Alegre. A esposa do homem, Milena Borges Alves, 43, contou que o casal foi ao supermercado comprar verduras e ingredientes para fazer uma receita de pudim.
De acordo com Milena, eles ficaram poucos minutos dentro do estabelecimento e João Beto saiu na frente em direção ao estacionamento. Ao chegar no local, ela se deparou com o marido no chão e foi impedida de chegar perto dele.
Segundo a versão de Adriana, o marido teria empurrado uma senhora e “novamente foi orientado pelo cliente/policial a deixar disso e se acalmar”. Em seguida, houve o soco de João Beto contra o PM.