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PMs a enteado de mototaxista baleado no RJ: “Os gansos já morreram”

“Ganso” é o nome usado para associar pessoas ao tráfico de drogas. A Delegacia de Homicídios investiga a morte ocorrida na Cidade de Deus

atualizado

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Edvaldo, mototaxista morto na cidade de deus
1 de 1 Edvaldo, mototaxista morto na cidade de deus - Foto: reprodução

Rio de Janeiro – O enteado do mototaxista Edvaldo Viana, de 42 anos, morto durante abordagem da Polícia Militar num dos acessos à Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, conta que os PMs envolvidos na ocorrência se referiram à vítima como “ganso”, nome usado para classificar e associar negativamente pessoas ao tráfico de drogas.

Vídeos mostram moradores da Cidade de Deus protestaram por morte de mototaxista.

Edvaldo e o passageiro, ainda não identificado, morreram antes mesmo de chegarem ao Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. Paulo Henrique dos Santos Duarte, enteado de Edvaldo, lembra ter ido até o local do crime, depois de saber que alguém teria sido baleado e que poderia ser seu padrasto.

“Eles atiram primeiro e perguntam depois. E vai ficar por isso mesmo?”, disse o enteado. “Chegamos lá, tinham viaturas. Ao perguntarmos aos PMs, eles falaram: ‘Os dois gansos já morreram, já levaram já’”, respondeu um dos policiais.

O enteado contou ter retrucado: “Não é ganso, não, cara, só quero saber quem é, se é o meu padrasto, se não é. Aí ele falou: ‘Se forem os que estavam aí baleados, eles já foram há muito tempo, a gente só está aqui para impedir a aglomeração””.

Edvaldo transportava um passageiro quando fez uma “bandalha” (manobra ilegal) e, por isso, foi abordado por policiais militares. Ao enteado, testemunhas relataram que Edvaldo parou a moto, mas mesmo assim os dois foram baleados: um foi atingido no ombro e o outro no abdômen.

Ainda de acordo com testemunhas, os policiais atiraram primeiro de dentro do carro e só depois saíram da viatura.

Aniversário

Edvaldo morreu na véspera da comemoração pelo aniversário da filha mais velha do enteado dele, que completa 12 anos nesta quarta-feira (19/5). A festa, no entanto, se transformou em dor e desespero.

“Sempre acontece isso. Seis meses atrás foi um outro rapaz que era mototáxi também, lá do Gardênia. Foi a mesma maneira que eles pegaram e trataram: primeiro eles atiraram, não quiseram saber de nada, e simplesmente foi mais um que entrou pra estatística. E agora foi o que aconteceu com o caso do meu padrasto”, relata o enteado.

Edvaldo nasceu em Maceió, onde moram os pais dele. A família quer que ele seja enterrado lá, mas ainda não sabe como serão os trâmites para transportar o corpo.

Veja o vídeo:

No relato prévio da ocorrência, policiais escreveram que um dos homens fez um gesto como se fosse sacar uma arma. E, por isso, atiraram. Depois disso, segundo os policiais, a equipe foi atacada por bandidos de dentro da comunidade e revidou.

A Polícia Militar determinou que a Corregedoria da corporação apure a ação. A nota da corporação indica ainda que equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) atuaram junto às equipes do 18° BPM para estabilizar a região.

Já a Polícia Civil informa que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) abriu um inquérito e as investigações estão em andamento.

“Os policiais militares prestaram depoimento e um fuzil foi apreendido e encaminhado para confronto balístico. Diligências seguem para apurar as circunstâncias do caso”, diz o texto.

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