Um novo suspeito de envolvimento no desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo foi detido pela Polícia Militar nesta terça-feira (7/6), no Amazonas. Conhecido como “Pelado”, ele foi levado para interrogatório na delegacia de Atalaia do Norte, segundo informações do jornal O Globo.
Também nesta terça, duas testemunhas foram ouvidas pela Polícia Civil do Amazonas (PCAM) sobre o sumiço do indigenista, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista, colaborador do jornal The Guardian.
As duas pessoas provavelmente tiveram contato com os dois antes do desaparecimento. Elas foram encontradas e levadas à delegacia, na tarde dessa segunda-feira (6/6), por equipes de busca da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Atalaia do Norte.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), foi instaurado um inquérito policial e, de acordo com o delegado da 50ª DIP, Alex Perez, até a noite desta terça foram ouvidas cinco pessoas: quatro na condição de testemunhas e “Pelado” como suspeito.
Veja nota da SSP-AM na íntegra:
“A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), por meio da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), informa que segue com as investigações sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, que desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia.
Segundo o titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), delegado Alex Perez, foi instaurado um inquérito policial e, até a noite desta terça-feira, cinco pessoas foram ouvidas. Sendo quatro pessoas na condição de testemunhas e outra, que está sendo ouvida neste momento, como suspeito.
A SSP-AM reforça que, até o momento, ainda não há confirmação de pessoas presas por envolvimento no caso.
A SSP-AM está tomando todas as medidas cabíveis para auxiliar na elucidação do caso, em colaboração ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Funai”.
Buscas continuam
As autoridades de segurança retomaram as buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, desaparecidos na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, delegado Anderson Torres, informou que a Força Nacional também participa das buscas.
“Desde o amanhecer de hoje, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Força Nacional e da Polícia Federal, segue à procura dos dois desaparecidos”, escreveu ele, no Twitter.
A Marinha do Brasil, responsável por conduzir as buscas, anunciou que enviou mais um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e uma moto aquática para as operações no local.
Entenda o caso
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o jornalista e o indigenista se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que atua próxima ao Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar algumas entrevistas com os habitantes daquela região.

Naquele dia, eles foram vistos pela última vez na comunidade ribeirinha São Rafael, pela manhã, e saíram em direção ao município de Atalaia do Norte, seguindo pelo rio ItaquaíArquivo pessoal

Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultadosDivulgação

Segundo Pelado, a perseguição à lancha na qual Bruno e Dom estavam durou cerca de 5 minutos. Jeferson Lima, outro envolvido no crime, teria atirado contra Bruno, que revidou com tirosDivulgação/Funai

Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e BrunoRedes sociais/reprodução

O governo do Amazonas criou uma força-tarefa para auxiliar na busca dos desaparecidos e na investigação do casoErlon Rodrigues/PC-AM

A região em que ocorreu o desaparecimento é de difícil acesso e faz fronteira com o PeruArte/Metrópoles

Alvo da cobiça de garimpeiros, o Vale do Javari é usado como rota para tráfico de cocaína Adam Mol/Funai/Reprodução

Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”Reprodução/Twitter/@andersongtorres

Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposaTwitter/Reprodução
Segundo os relatos, os dois desapareceram quando faziam o trajeto da comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. O desaparecimento ocorreu no domingo (5/6).
Indigenista renomado
Bruno é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. No órgão desde 2010, ele foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. Acabou demitido, em 2019, após combater mineração ilegal em Terras Indígenas.
A exoneração de servidor ocorreu no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto para liberar garimpos nas reservas.
O indigenista está licenciado da Funai, e atualmente faz parte do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi).
Jornalista prepara livro
Dom Phillips é um jornalista colaborar do jornal britânico The Gardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e mora em Salvador.
Phillips está trabalhando em um livro sobre meio ambiente, com apoio da Fundação Alicia Patterson.
Além do The Guardian, Phillips já publicou trabalhos no Financial Times, New York Times, Washington Post e em agências internacionais de notícias.