Em nota divulgada por meio de colegas na tarde desta terça-feira (7/6), a família do indigenista Bruno Pereira fez um apelo aos órgãos competentes pedindo urgência nas buscas após ele e o jornalista inglês Dom Phillips desaparecerem na região da Terra Indígena Vale do Javari (AM).
A família do servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que tem esperança, apesar da angústia na espera por notícias, de que tenha sido acidente. A nota foi revelada pelo g1.
“Já são 48 horas de angústia à espera de notícias. Tivemos poucas informações sobre a localização deles, o que tem aumentado este sentimento. Mas também temos muita esperança de que tenha sido algum acidente com o barco e que eles estejam à espera de socorro. Mantemos orações e agradecemos o apoio de familiares e amigos. Contudo, apelamos às autoridades locais, estaduais e nacionais que deem prioridade e urgência na busca pelos desaparecidos”, diz a nota.

Naquele dia, eles foram vistos pela última vez na comunidade ribeirinha São Rafael, pela manhã, e saíram em direção ao município de Atalaia do Norte, seguindo pelo rio ItaquaíArquivo pessoal

Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultadosDivulgação

Segundo Pelado, a perseguição à lancha na qual Bruno e Dom estavam durou cerca de 5 minutos. Jeferson Lima, outro envolvido no crime, teria atirado contra Bruno, que revidou com tirosDivulgação/Funai

Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e BrunoRedes sociais/reprodução

O governo do Amazonas criou uma força-tarefa para auxiliar na busca dos desaparecidos e na investigação do casoErlon Rodrigues/PC-AM

A região em que ocorreu o desaparecimento é de difícil acesso e faz fronteira com o PeruArte/Metrópoles

Alvo da cobiça de garimpeiros, o Vale do Javari é usado como rota para tráfico de cocaína Adam Mol/Funai/Reprodução

Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”Reprodução/Twitter/@andersongtorres

Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposaTwitter/Reprodução

O Exército divulgou imagens da busca pelos desaparecidosReprodução/Twitter

Exército está a procura dos desaparecidos no Vale do Javari (AM)Reprodução/Twitter
A família fez um apelo para que as buscas sejam mais ágeis: “Pedimos às autoridades rapidez, seriedade e todos os recursos possíveis para essa busca. Cada minuto conta, cada trecho de rio e de mata ainda não percorrido pode ser aquele em que eles aguardam por resgate” .
Também nesta terça, a mulher de Dom Phillips divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo para que as autoridades “intensifiquem as buscas” pelo indigenista e o jornalista. Liderada pela Marinha do Brasil, a equipe de buscas recebeu reforços da Polícia Federal (PF) e da Funai.
Indigenista renomado
Na nota, a família também elogiou a dedicação de Bruno à profissão e família. “É um dedicado servidor público federal pela Funai e muito apaixonado e comprometido com seu trabalho. Pai amoroso de duas crianças e uma moça linda. Bruno é filho, marido, irmão e amigo, ele leva essa paixão para sua jornada toda vez que entra na mata com o propósito de ajudar o próximo”.
Bruno é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. No órgão desde 2010, ele foi coordenador regional em Atalaia do Norte por cinco anos. Em 2019, acabou exonerado do cargo após combater mineração ilegal em Terras Indígenas.
A retirada do servidor da função de chefia ocorreu no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto para liberar garimpos nas reservas.
O indigenista está licenciado da Funai, e atualmente faz parte do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi).
Entenda o caso
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o jornalista e o indigenista se deslocavam com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que atua próxima ao Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar algumas entrevistas com os habitantes daquela região.
Segundo os relatos, os dois desapareceram quando faziam o trajeto da comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. O desaparecimento foi comunicado no domingo (5/6).