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Para a maioria dos brasileiros, imagem das Forças Armadas e Bolsonaro piorou com desfile de tanques

A pesquisa ainda perguntou se é papel do Exército, da Marinha e da FAB demonstrar apoio ao presidente. A maioria (70,3%) acha que não

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Desfile de carros militares para entregar um convite a Bolsonaro para operação Formosa
1 de 1 Desfile de carros militares para entregar um convite a Bolsonaro para operação Formosa - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A maioria da população brasileira que acompanhou o desfile de carros militares da Marinha na última semana entendeu que a imagem das Forças Armadas e de Jair Bolsonaro (sem partido) ficou arranhada após o episódio. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Opinião Pesquisas, 36,3% das pessoas disseram que os militares “perderam conceito”, contra 8,4% que entenderam ter havido uma melhora. Outros 32,1% responderam ter continuado igual. O restante não opinou.

Já a desaprovação do presidente foi ainda maior em relação ao desfile: 49,3%. Apenas uma pequena parcela considerou que a imagem de Bolsonaro melhorou: 8,8%. Para 22,2% dos entrevistados, ficou igual.

O que chama a atenção da cientista política Luciana Fernanda Veiga, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), é que a maioria de quem deu resposta positiva é homem. “Com as mulheres, os resultados são bem mais desfavoráveis a Bolsonaro”, destaca.

A tônica se repete quando os entrevistados são perguntados com relação ao sentimento nutrido sobre o desfile. Foram 46,6% que sentiram mais vergonha do que orgulho, contra 41,1% que disseram ter mais orgulho do que vergonha do episódio. “Esse sentimento de orgulho é muito relacionado a outras respostas positivas em relação a Bolsonaro durante toda a pesquisa”, analisa Luciana.

Maioria considerou como forma de pressão

A pesquisa mostra ainda que mais de um terço das pessoas (35,3%) nem ficou sabendo que os tanques passariam por Brasília. “É um número muito alto e mostra como a agenda está dispersa. É muita informação sobre o ambiente político, e as pessoas não estão acompanhando”, comenta a professora.

Uma vez estabelecido que apenas 59,8% da população acompanhou a repercussão, Luciana destaca que uma quantidade muito pequena (15,4%) entendeu que o desfile fazia parte de um exercício militar. “A maioria viu como uma forma de intimidar o Congresso, que foi a narrativa da oposição. Essa explicação acabou pegando em mais gente”, diz.

Dentro dessa temática, a pesquisa ainda perguntou se é papel do Exército, da Marinha e da Aeronáutica demonstrar força em apoio ao presidente. A maioria (70,3%) acha que não; enquanto 19,1% pensam que sim.

O levantamento ouviu 1,5 mil pessoas de todas as regiões do Brasil e foi feito por telefone. Temas como volta da ditadura e principais culpados pelas mortes devido à pandemia também foram abordados e podem ser conferidos abaixo.

21345 – Relatório Final – Nacional by Metropoles on Scribd

O desfile

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assistiu, na companhia de ministros de Estado e parlamentares, ao desfile de veículos blindados, armamentos e outros equipamentos da Força de Fuzileiros da Esquadra, no último dia 10. Cerca de 40 blindados, caminhões e tanques passaram em frente ao Palácio do Planalto.

Segundo a Marinha, o comboio partiu do Rio de Janeiro e passou pela capital federal, a caminho do Campo de Instrução de Formosa (CIF).

A Operação Formosa é o maior treinamento militar da Marinha no Planalto Central. Neste ano, o evento contará também com a participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira. Serão mais de 2,5 mil militares das três Forças.

Apoiadores do presidente se reuniram na Praça dos Três Poderes, em frente à rampa presidencial, durante o desfile. O grupo bradava: “Mito”, “Eu autorizo” e “142”; este em referência ao artigo 142 da Constituição, que trata sobre as Forças Armadas. Bolsonaro não conversou com apoiadores nem discursou publicamente no decorrer do evento.

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