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Pai de vítima da Kiss defende série da Netflix: “Denuncia impunidade”

Todo Dia a Mesma Noite foi lançada pela plataforma em janeiro e vem gerando polêmicas com os familiares de jovens mortos na boate Kiss

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Diego Frichs Antonello / Colaborador/Getty
Imagem colorida da cidade de Santa Maria - Boate Kiss
1 de 1 Imagem colorida da cidade de Santa Maria - Boate Kiss - Foto: Diego Frichs Antonello / Colaborador/Getty

Em meio à polêmica que envolve familiares das vítimas da tragédia na Boate Kiss e a Netflix, o pai de um dos jovens mortos no incêndio, Paulo Carvalho, enviou ao Metrópoles uma nota em que defende a minissérie Todo Dia a Mesma Noite, lançada pela plataforma de streaming.

Segundo Paulo, que também é diretor jurídico da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), a minissérie e o documentário do Globoplay sobre a tragédia representam uma “denúncia contra a impunidade”, ao retratar o drama de familiares que lutam há uma década pela responsabilização dos culpados.

O debate começou em janeiro, quando o caso completou 10 anos. De um lado, a associação — que representa parte dos parentes das vítimas —, afirma que foi consultada pela Netflix e deu aval para a produção da minissérie.

Entretanto, outros familiares, por meio da advogada Juliane Muller Korb, mostraram-se contrários à obra, sob argumento de que ela seria uma “comercialização da tragédia”.

Boate Kiss: 10 anos após tragédia, famílias lutam contra impunidade

Na declaração, o pai de Rafael, morto aos 32 anos, defende que os conteúdos do streaming “denunciam o sistema de Justiça” brasileiro, que, “de forma lenta, levou 10 anos e ainda não puniu todos os responsáveis”.

Ele afirma ter sido informado de que uma boate em Porto Alegre foi fechada, há poucos dias, após uma pessoa ter visto a série da Netflix e feito uma denúncia.

“Assistindo a partir do fim do segundo episódio em diante, [a série] mostra a luta dos familiares por justiça. É um filme de DENÚNCIA com todas as letras. Reproduções na ficção com cenas e diálogos reais, várias com exatamente as mesmas palavras ditas”, conta Paulo, cujo filho está entre as vítimas representadas na produção.

“A base da série gira em torno dos pais processados. Foram processados pelo Ministério Público (MP) porque criticaram a omissão e corporativismo quando o MP retirou do processo os responsáveis públicos da prefeitura, e não permitiu que o próprio promotor, à época da tragédia, fosse investigado” prosseguiu.

Luta contra o esquecimento

Na visão dele, produções cinematográficas e outras manifestações em homenagem às vítimas são importantes para que a tragédia não caia no esquecimento. Elas devem reforçar a necessidade de punição de criminosos e do fechamento de locais com irregularidades. “Recebemos várias manifestações de pessoas preocupadas com seus filhos nas baladas. Denunciando locais inseguros”, comenta Paulo.

“Por receio e por conscientização se inibe futuros crimes e futuros criminosos. Não podem ser levados a serem cúmplices de futuras tragédias, queiram ou não, é isso que acontece pela falta de receio, pela falta de exemplo”, disse.

Uma década após a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS), a noite de de 27 de janeiro de 2013 ainda assombra o país. Em 10 anos, o caso avançou lentamente na Justiça, e acentuou o sofrimento dos familiares e amigos dos 242 mortos e dos 636 feridos no incêndio. Ninguém foi preso pelo caso.

Julgamento anulado

Mais de nove anos depois dos acontecimento considerado a maior tragédia em uma casa de shows do país, e uma das maiores do mundo, os quatro acusados foram julgados em dezembro de 2021 por 242 homicídios consumados e 636 tentativas.

Foram 10 dias de julgamento, até a sentença. Mas, em agosto de 2022, a defesa entrou com um pedido de anulação do júri, que foi aceito.

Após a anulação do julgamento, o MPRS entrou com dois recursos para reverter a decisão e aguarda apreciação do Tribunal de Justiça do estado para que os recursos sigam para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e para o Supremo Tribunal Federal (STF).

A espera aumenta a angústia dos familiares, que tinham seguido em frente e se preparado para outras atividades de homenagem, como a transformação do local do incêndio em um memorial.

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