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Os desafios de levar a vacina contra a Covid-19 para áreas remotas do país

Reportagem do Metrópoles acompanha ação sanitária em Tabatinga, no Amazonas. Em todo país, 430 mil indígenas serão imunizados

atualizado

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Rafaela Felicciano/ Metrópoles
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1 de 1 Umariaçu_10 - Foto: Rafaela Felicciano/ Metrópoles

Enviados especiais a Tabatinga (AM) – Chuva, aldeias distantes e áreas de difícil acesso são alguns dos empecilhos que a vacinação em terras indígenas pode encontrar durante uma campanha. Dessa vez, contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, não é diferente. Em Tabatinga, município distante 1,1 mil de Manaus, o processo pode levar até 10 dias. Ao todo, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) pretende imunizar 35 mil pessoas na região do Alto Rio Solimões.

A ação sanitária só é possível com o auxílio das Forças Armadas. Transportar o insumo, profissionais e até mesmo ajudar na organização da campanha é um processo de colaboração.

A reportagem do Metrópoles acompanhou o início da campanha contra a Covid-19 em Tabatinga. As doses usadas na imunização saíram de São Paulo e passaram por Brasília e Manaus até serem distribuídas aos distritos indígenas. Nesse primeiro momento, 10 mil doses foram enviadas ao local. Dessas 8,9 mil são de uso exclusivo para povos indígenas.

Em Tabatinga, a campanha de vacinação contou com o apoio do 8º Batalhão de Infantaria de Selva. O comandante da unidade, tenente coronel Robson Moraes, detalha as dificuldade de se operacionalizar uma campanha deste porte.

“A logística geralmente depende do modal aéreo ou do modal fluvial. Com isso, o planejamento precisa ser bem detalhado. A integração com a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena] é muito importante. Justamente com o planejamento que já possuímos, fazemos a interação. Nós buscamos, com as estruturas que possuímos, atender às necessidades”, salienta.

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Sete dias de viagem

Para se ter dimensão das dificuldades, há comunidades que se leva até sete dias de viagem de barco para ter acesso ao local. “Procuramos diminuir as dificuldades. Às vezes, o modal aéreo é melhor. Contudo, o clima é um complicador. Procuramos alternativas. Hoje, usar o modal aéreo seria mais difícil por causa da chuva”, acrescenta.

Para ele, a envergadura da campanha é histórica. “Estamos tendo a oportunidade de apoiar a vacinação. É um dia de emoção muito grande”, conclui.

O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Alto Rio Solimões, Jorge Baruf, explica que a região é gigantesca. “Tenho conversado com caciques e insistido na boca de ferro (megafones) que faz avisos nas comunidades. Pedimos para não sair sem máscara, não trazer a família para o município. Esse deslocamento, mesmo que para uma cidade pequena, é um evento para eles. É quando se compra roupas, calçados e alimentos”, ressalta.

Somente na região do Alto Solimões vivem 70 mil indígenas. São três etnias — Ticuna, Kocama e Kaixana. Esse é considerado o segundo maior distrito indígena do Brasil. Em todo país, 430 mil indígenas serão imunizados.

Casos e óbitos

Segundo dados do Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena, desde o início da pandemia 40.125 indígenas adoeceram por Covid-19. Desses, 528 morreram. No Alto Rio Solimões são 2.026 casos confirmados e 37 mortes, de acordo com boletim da Sesai.

A campanha na região ocorre após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar o uso de duas vacinas no país no último domingo (17/1). A imunização não é obrigatória. Para receber a dose, o indígena precisa ter mais de 18 anos.

A imunização de povos indígenas ocorre simultaneamente nos 34 distritos indígenas que abrangem 11 unidades da federação. Somente para Tabatinga, o governo enviou mil doses da vacina.

*Os repórteres viajaram a convite Ministério da Defesa.

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