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O recomeço de mãe e filho que tiveram casa devastada por caixa d’água

A família, que perdeu tudo em acidente ocorrido em julho, em Senador Canedo (GO), conta como faz para reconstruir tudo

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dalilia louredo carvalho e yuri guiliani, mãe e filho que perderam a casa durante queda de caixa d'água gigante em senador canedo, goiás
1 de 1 dalilia louredo carvalho e yuri guiliani, mãe e filho que perderam a casa durante queda de caixa d'água gigante em senador canedo, goiás - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – O dia 8 de julho de 2021 jamais será esquecido pela família da promotora de vendas Dalilia Louredo Carvalho, de 39 anos. A queda de uma caixa d’água gigante, que tinha altura equivalente a um prédio de 10 andares e estava cheia, praticamente “varreu” a casa onde ela e os dois filhos moravam, levando todos os pertences que demorou 13 anos para conseguir.

A tragédia ocorreu em Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia, e até hoje, quase seis meses depois, mãe e filho, de 18 anos, que ficou gravemente ferido e chegou a ser intubado, tentam retomar a vida e reconstruir tudo que perderam.

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Caixa d'água tombou para a direita em uma rua do Parque Industrial, em Senador Canedo (GO), na região metropolitana de Goiânia
Caixa-d'água auxiliava no abastecimento de mais 18 bairros de Senador Canedo
Moradores dizem que o chão tremeu com o impacto da queda e da água arrastando tudo pela frente
Casa onde morava Yuri Giuliani, vítima de 18 anos que ficou em estado grave, foi praticamente "varrida" pela água
Casa de Yuri Guiliani, de 18 anos, ficou completamente destruída. Ele foi internado no Hugol, em Goiânia
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Caixa pertencia ao serviço municipal de abastecimento e tinha capacidade de armazenamento de 1 milhão de litros de água

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Caixa d'água tombou para a direita em uma rua do Parque Industrial, em Senador Canedo (GO), na região metropolitana de Goiânia

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Caixa-d'água auxiliava no abastecimento de mais 18 bairros de Senador Canedo

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Moradores dizem que o chão tremeu com o impacto da queda e da água arrastando tudo pela frente

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Casa onde morava Yuri Giuliani, vítima de 18 anos que ficou em estado grave, foi praticamente "varrida" pela água

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Casa de Yuri Guiliani, de 18 anos, ficou completamente destruída. Ele foi internado no Hugol, em Goiânia

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Caixa-d'água foi inaugurada em 18 de outubro de 2019

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Parte da casa da família de Yuri foi arrastada e levada para o asfalto

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Polícia Técnico-Científica (PTC) solicitou documentos do projeto e da operação do reservatório para apurar motivos do desabamento

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“Só sobrou a vida”, diz Dalilia ao Metrópoles. Móveis, utensílios domésticos, fotos, roupas, paredes e telhado, tudo foi levado pela enxurrada de água numa questão de segundos. Não ficou nada para trás, só restou um terreno baldio.

Ela e a família vivem, hoje, numa casa alugada, esperando o término da reconstrução do imóvel perdido. A obra, feita no mesmo terreno, é realizada pela empresa municipal de abastecimento público (Sanesc), que acabou responsabilizada pelo acidente. O aluguel da residência onde eles moram é pago pela prefeitura, mas os móveis novos só foram adquiridos graças às doações de pessoas comovidas com a história.

Uma onda de solidariedade abraçou a família. O sofrimento da mãe solo que estava no trabalho quando recebeu a notícia de que havia perdido tudo, com risco, inclusive, de que o filho mais velho, Yuri Louredo Guiliani, pudesse estar morto, o único em casa na hora do acidente, comoveu pessoas de várias partes do Brasil. Ela conta que recebeu doações via PIX até de 10 centavos.

“Teve gente que fez PIX de 10 centavos, 50 centavos, R$ 1, R$ 100, até mais de R$ 1 mil. Eu peguei esse dinheiro, juntei com um pouco que tinha e comprei todos os meus móveis, porque eu não podia passar para dentro de uma casa, com um filho adolescente e um bebê, sem ter o básico”, conta.

A ajuda recebida surpreendeu a mulher. A experiência, apesar do susto e do medo de perder o filho, que chegou a ter três paradas cardíacas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), deixou a lição, segundo ela, de que sempre é possível ajudar o próximo, nem que seja com pouco. “Faz toda a diferença. É aquele ditado: de grão em grão, a galinha enche o papo”, diz ela.

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Yuri sofreu três paradas cardíacas e fraturou três vértebras
"O Yuri estar vivo é um milagre", diz Dalilia
Rapaz diz que se recorda apenas do barulho da avalanche de água atingido a casa. "Depois, escureceu tudo", conta
Tudo que Dalilia demorou 13 anos para construir e possui foi destruído em segundos pela queda da caixa d'água
Dalilia, Yuri e o filho dela mais novo, de 1 ano e 6 meses, vivem hoje numa casa alugada, à espera da reconstrução da casa perdida
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Dalilia e o filho Yuri, que era o único que estava em casa na hora da tragédia e foi parar na UTI

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Yuri sofreu três paradas cardíacas e fraturou três vértebras

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"O Yuri estar vivo é um milagre", diz Dalilia

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Rapaz diz que se recorda apenas do barulho da avalanche de água atingido a casa. "Depois, escureceu tudo", conta

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Tudo que Dalilia demorou 13 anos para construir e possui foi destruído em segundos pela queda da caixa d'água

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Dalilia, Yuri e o filho dela mais novo, de 1 ano e 6 meses, vivem hoje numa casa alugada, à espera da reconstrução da casa perdida

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“O Yuri vivo é um milagre”

A mãe conta que, se antes ela já tinha fé em Deus, hoje é redobrada. No dia da tragédia, Dalilia saiu cedo de casa para ir trabalhar em Bela Vista, também na região metropolitana de Goiânia. Às 9h44, conversou com Yuri por telefone. Ele estava em casa e havia retornado do berçário, onde tinha deixado o irmão mais novo, de apenas 1 ano. Às 9h57, a caixa d’água caiu.

O primeiro aviso do acidente chegou para ela aos gritos. Era uma vizinha, desesperada. Dalilia pediu que ela ajudasse a procurar Yuri, porque ele era o único que estava em casa. “Ela disse que não era possível ele estar lá, porque não tinha sobrado nada no terreno”, relata a mãe. Instantes depois, o rapaz foi encontrado sob os escombros, desacordado e com ferimentos.

“Quem não acredita em milagre, aqui está um. O Yuri é um milagre. Ele estar vivo é um milagre. Ele teve três paradas cardíacas. A gente não conseguiu recuperar nada no local. A minha geladeira, de aço, ficou como se você pegasse ela e retorcesse. O freezer ficou destruído e o Yuri estava ao lado dele na hora. O freezer acabou, e o menino que estava perto não quebrou nenhum osso? É Deus”, afirma Dalilia.

Yuri quer ser socorrista do Samu

Após receber alta do hospital, onde ficou internado na UTI por quatro dias, e se recuperar, já com a saúde em dia, Yuri arrumou um trabalho na Prefeitura de Senador Canedo. Na memória, ele guarda apenas o barulho que ouviu, quando a água da caixa gigante atingiu a casa e levou tudo que estava pela frente. “Parecia uma cachoeira”, descreve ele. Depois disso, não se lembra de mais nada. Escureceu tudo.

O jovem só foi acordar no hospital, onde acabou informado pelos profissionais de saúde sobre o que havia ocorrido. A preocupação dele o tempo todo era com o irmão mais novo. Yuri não se recordava que havia deixado o bebê no berçário e estava sozinho em casa. Um médico pegou um tablet e mostrou para ele as notícias da tragédia na internet.

Depois de passado tudo e hoje vivendo a fase de reconstrução e retomada junto da mãe, o rapaz aumentou o desejo e o sonho antigo de ser socorrista. “Quero trabalhar na área da saúde, fazer o curso técnico para ser socorrista do Samu. Do mesmo jeito que pessoas salvaram a minha vida, eu quero poder salvar a de outras pessoas também”, diz ele.

Trauma do local

A casa deve ser concluída até abril do próximo ano. Dalilia e os filhos, no entanto, não pretendem voltar a morar no local. O acidente gerou um trauma em todos. A intenção é vender o imóvel e comprar uma residência em outro bairro de Senador Canedo.

“Você voltar para um local e saber que é o mesmo onde quase perdeu seu filho, é difícil. Foi tudo embora. Meus cachorros que estavam comigo há quase 10 anos morreram. Ali foi uma vida toda, porque eu levei uma vida para construir sozinha. Sempre fui sozinha com os meus filhos”, diz Dalilia.

A mãe que lutou para ter o melhor diz que o susto mudou sua mentalidade. “Eu era uma pessoa muito apegada aos bens materiais e trabalhava para ter móveis bons. Eu tinha um sofá de R$ 8 mil. Tem necessidade disso? Não tem. Mudei a minha percepção de valor. Para a gente viver, basta o básico. Agora, o que eu tiver, vou gastar comigo e com meus filhos”, conta.

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